No Norte do Brasil, milhares de estudantes ainda frequentam escolas públicas sem condições básicas de infraestrutura. Segundo o Anuário da Educação Básica 2025, a cada dez escolas no Acre e em Roraima, três não têm acesso a água potável. A situação se agrava com a falta de energia elétrica, que afeta aproximadamente um terço das unidades públicas no Amazonas e no Acre, e a ausência de banheiros, uma realidade para mais de 25% das escolas em Roraima.
Desafios nacionais na infraestrutura escolar
A precariedade da infraestrutura escolar não é exclusiva da Região Norte. O relatório mostra que, em nível nacional, menos da metade das escolas públicas brasileiras possui tratamento de esgoto, e mais de 20% delas não contam com coleta regular de lixo. Essa situação é particularmente crítica em áreas mais isoladas, onde os desafios logísticos elevam os custos de operação.
Gabriel Corrêa, diretor de Políticas Públicas do Todos Pela Educação, destaca a importância de considerar o “Fator Amazônico” na formulação de políticas públicas. “A falta de infraestrutura básica, além de ser uma questão de dignidade, está diretamente ligada às condições de aprendizagem dos estudantes. Já houve muitos avanços no país, mas há regiões em que a situação permanece crítica. No caso do Norte, por exemplo, é fundamental que as políticas levem em consideração os custos logísticos e operacionais adicionais que a região impõe”, afirma Corrêa.
Acesso limitado a tecnologia e ambiente climatizado prejudica estudantes
A falta de infraestrutura básica nas escolas brasileiras vai além do saneamento e da energia. O Anuário da Educação Básica 2025 revela que apenas 38,7% das salas de aula em escolas públicas têm algum tipo de climatização, como ar-condicionado ou aquecedor.
Essa deficiência impacta diretamente o conforto e a concentração dos alunos, especialmente em regiões de calor intenso. A desigualdade é nítida: enquanto o Centro-Oeste lidera com 64,2% das salas climatizadas, o Sudeste, a região mais populosa do país, apresenta o menor índice, com apenas 21,5%. A disparidade entre os estados é ainda mais acentuada, indo de 11,7% em Minas Gerais a 91,4% em Rondônia.
Conectividade lenta e desigualdade digital no ensino público
Se o clima é um desafio, a tecnologia não fica atrás. O Anuário aponta que apenas 44% das escolas públicas têm conexão de internet com qualidade suficiente para uso pedagógico. O dado mostra que, mesmo onde há internet, a velocidade e estabilidade ainda são um problema para o aprendizado.
Mais grave ainda é que 4,6% das escolas não têm sequer energia elétrica adequada, o que torna a discussão sobre internet ou computadores completamente inviável. Esses números reforçam o abismo digital que separa escolas e alunos, comprometendo o acesso a recursos modernos e a preparação para o futuro.
Sobre o Anuário Brasileiro da Educação Básica
O Anuário Brasileiro da Educação Básica 2025, em sua 12ª edição, é uma publicação elaborada por três importantes instituições: o Todos Pela Educação, a Fundação Santillana e a Editora Moderna.
A pesquisa é realizada a partir da coleta e organização de dados provenientes de fontes oficiais e públicas, como o Censo Escolar e outras pesquisas do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), entre outras bases.
O Anuário reúne, de forma acessível, os principais indicadores sobre acesso, aprendizagem, infraestrutura, professores, tecnologia, financiamento e equidade étnico-racial. O objetivo principal é fornecer uma ferramenta técnica para gestores, jornalistas e a sociedade civil, ajudando a orientar o planejamento e o debate sobre a educação no Brasil, com um olhar focado na equidade e na redução das desigualdades.
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Por: Laís Queiroz | Revisão: Daniela Gentil
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