Após uma espera de quase duas décadas, o Grande Museu Egípcio (GEM), finalmente, começou a receber visitantes em um modo de “soft opening”, com acesso parcial ao acervo. A inauguração oficial do GEM, inicialmente marcada para 3 de julho, foi adiada por tempo indeterminado. A decisão veio após a escalada do conflito entre Israel e Irã, com as autoridades buscando um momento mais propício para o lançamento global que o empreendimento merece. As informações são da agência Bloomberg.
A grandiosidade digna de seus faraós
Localizado a cerca de um quilômetro das icônicas Pirâmides de Gizé, nos arredores do Cairo, o complexo marca o desejo de protagonismo do país na narrativa de sua história. Com investimento de US$ 1 bilhão (aproximadamente R$ 5,6 bilhões), foi anunciado como maior museu arqueológico do mundo. O GEM se estende por impressionantes 485 mil metros quadrados, o dobro do Louvre em Paris.
Seu acervo abrigará quase 100 mil artefatos, dos quais cerca de 20 mil são inéditos ao público. Logo na entrada, a grandiosa estátua de 83 toneladas de Ramsés II recebe os visitantes, enquanto a escadaria central exibe sarcófagos e demais artefatos faraônicos.
Uma galeria para Tutancâmon
A galeria mais aguardada, dedicada a Tutancâmon, reunirá pela primeira vez 5 mil objetos extraídos da tumba do faraó adolescente, descoberta em 1922 por Howard Carter. Mas o museu vai além das relíquias reais, apresentando também objetos da vida cotidiana, esculturas greco-romanas, múmias de animais e até perucas trançadas de 3 mil anos, oferecendo um panorama completo da dinâmica sociedade egípcia.
Projetada pelo escritório de arquitetura irlandês Heneghan Peng, a estrutura moderna substitui o antigo museu colonial do centro do Cairo, prometendo uma apresentação elegante e altamente tecnológica do passado faraônico.
Impulso ao turismo e desafios atuais
O Egito, que atingiu um recorde de 15,78 milhões de turistas em 2024, ambiciona receber 30 milhões anualmente nos próximos anos, contando com o poder de atração do GEM. O turismo é vital para a economia egípcia, especialmente em meio a desafios como a desvalorização de 40% da libra egípcia em relação ao dólar em março passado e a queda de receita do Canal de Suez devido aos ataques no Mar Vermelho.
Além de ser um centro de exposição, o GEM funcionará como um polo de pesquisa arqueológica, com laboratórios de restauração de ponta e recursos expositivos que competem com instituições europeias e americanas. A obra também reforça a campanha egípcia pela recuperação de peças culturais subtraídas durante o colonialismo europeu, como o busto de Nefertiti (Berlim), a Pedra de Roseta (Museu Britânico) e o Zodíaco de Dendera (Louvre).
No entanto, a grandiosidade do projeto também gerou críticas internas. Moradores locais reclamam da ênfase em lojas e hotéis de luxo, e do consequente aumento dos preços na região, temendo que o museu se torne um ícone “sem alma”, distante das necessidades da vizinhança mais pobre.
Por: Iamara Lopes | Revisão: Redação
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