Você já percebeu que, ao ir à feira, o valor das frutas que costumava comprar parece cada vez mais alto? Que com o mesmo dinheiro de antes, você leva menos para casa? Isso é reflexo da inflação, um conceito econômico que está mais presente no nosso dia a dia do que parece.
Segundo o Banco Central do Brasil, inflação é o aumento contínuo e generalizado dos preços de bens e serviços. Em outras palavras, significa que, ao longo do tempo, o dinheiro perde valor e você compra menos com a mesma quantia. Quando a inflação está alta, sentimos no bolso: no supermercado, na conta de luz, no aluguel e em tantos outros gastos.
“Quando a inflação sobe e o salário mínimo não acompanha esse aumento, o poder de compra das famílias diminui. Isso significa que as pessoas passam a consumir menos, o que afeta diretamente sua qualidade de vida”, explica a economista Letícia Ribeiro.
O que causa a inflação?
A inflação pode surgir por diferentes motivos. As principais causas são:
- Pressões de demanda: quando a procura por produtos e serviços cresce mais do que a oferta, os preços tendem a subir.
- Pressões de custos: quando matérias-primas, salários ou impostos sobem, as empresas repassam esse custo ao consumidor.
- Inércia inflacionária: é a repetição de reajustes baseados em aumentos anteriores, como quando contratos são corrigidos automaticamente por índices de inflação.
- Expectativas de inflação: a percepção de que os preços vão subir pode levar empresas e consumidores a se anteciparem, o que acelera ainda mais os aumentos.
Como a inflação é medida no Brasil?
O principal indicador utilizado para medir a inflação no país é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), calculado pelo IBGE. Ele acompanha a variação média dos preços de uma cesta de produtos e serviços consumidos pelas famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos, em várias regiões metropolitanas do Brasil.
Outros índices também existem, como o INPC e o IGP-M, mas o IPCA é o índice oficial usado pelo governo para definir a meta de inflação e orientar a política de juros.
Como isso afeta o consumidor?
A inflação tem efeitos diretos sobre o nosso dia a dia:
- Dificulta o planejamento financeiro, porque os preços mudam constantemente.
- Reduz o poder de compra, principalmente de quem tem renda fixa.
- Prejudica os mais pobres, que gastam maior parte da renda com itens básicos e têm menos acesso a alternativas de proteção, como investimentos.
“A inflação atinge com mais força as camadas mais pobres da população, porque elas gastam a maior parte da renda com itens essenciais, como alimentação, transporte e energia. Quando esses preços sobem, não há muita margem para cortar gastos”, destaca a economista Letícia.
Além disso, a inflação influencia o custo da dívida pública. Quanto maior a inflação, maior o risco percebido pelos investidores e mais o governo precisa pagar de juros para atrair compradores de títulos.
Poder de compra na prática
Imagine que, no ano passado, você ia à feira com R$ 10 e conseguia comprar 2 kg de maçã, a R$ 5 o quilo.
Agora, em 2025, com uma inflação acumulada de 10%, o quilo da maçã passou a custar R$ 5,50. Com os mesmos R$ 10, você só consegue levar 1,8 kg para casa.
Mas, se nesse período o seu salário não aumentou 10% ou mais, você perdeu poder de compra. Ou seja, mesmo ganhando o mesmo valor em reais, você compra menos.
Esse é o impacto real da inflação na vida de todo mundo, e por isso é tão importante ficar de olho nela.
Por: Lais Queiroz | Revisão: Thaisi Carvalho
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