Durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), nesta terça-feira (5), em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que irá ligar para o presidente norte-americano, Donald Trump, e convidá-lo para participar da COP30, marcada para novembro, em Belém (PA).
“Pode ficar certo! Eu vou ligar para o Trump para convidar ele para a COP para saber o que ele pensa sobre a questão climática. Vou ter a gentileza de ligar. Só não vou ligar pro Putin porque o Putin não está podendo viajar”, declarou Lula em tom descontraído.
O petista ainda completou: “Se ele [Trump] não vier é porque ele não quer, mas não vai ser por falta de delicadeza, charme e democracia. Eu vou convidar!”.
A fala ocorre em meio ao agravamento das tensões diplomáticas entre os dois países, após Trump anunciar novas tarifas de importação para produtos brasileiros e insinuar que as sanções econômicas estariam ligadas ao julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF).
Tarifas e atritos diplomáticos
Nesta terça, Trump declarou à CNBC que os Estados Unidos aplicarão inicialmente uma “pequena tarifa” sobre medicamentos importados, incluindo os brasileiros, e que pretende elevar essa taxa para 150% em até 18 meses, e, posteriormente, para 250%. “Queremos que os produtos farmacêuticos sejam fabricados em nosso país”, disse.
A primeira etapa do chamado “tarifaço” deve entrar em vigor na quinta-feira (7), com uma alíquota de 50% sobre parte das importações. A retaliação econômica anunciada por Trump tem sido vista como uma escalada política em meio ao seu discurso de campanha e às críticas ao atual governo brasileiro.
Presença dos EUA na COP30 é incerta
As declarações de Lula surgem em meio às incertezas sobre a participação dos Estados Unidos na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30. Desde que assumiu o cargo, em janeiro, Trump retirou novamente os EUA do Acordo de Paris, o principal tratado internacional sobre o combate às mudanças climáticas.
Na semana passada, o governo norte-americano também eliminou o Escritório de Mudança Global do Departamento de Estado, dispensando toda a equipe envolvida em políticas climáticas internacionais. A decisão gerou dúvidas sobre o envio de qualquer representação oficial dos EUA à COP30, mesmo que não seja o próprio Trump.
A conferência, que será realizada pela primeira vez na Amazônia, é considerada estratégica para reforçar a imagem ambiental do Brasil e ampliar compromissos globais no combate ao aquecimento global.
Por João Vitor Mendes | Revisão: Daniela Gentil
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