Com a bandeira da justiça nas mãos e um discurso firme contra a impunidade, o deputado italiano Angelo Bonelli se tornou o principal adversário da deputada brasileira Carla Zambelli na Europa. Foi ele quem entregou à polícia italiana o endereço onde Zambelli estaria escondida em Roma, levando à sua prisão na terça-feira, 29 de julho, após ser considerada foragida pela Justiça brasileira e incluída na lista da Interpol.
Zambelli, condenada pelo Supremo Tribunal Federal a mais de 10 anos de prisão por crimes ligados aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, acreditava estar protegida por sua cidadania italiana. Mas Bonelli, conhecido por sua trajetória na política ambiental e na defesa dos direitos humanos, inclusive da causa LGBT+, reagiu com veemência. “A Itália não pode ser refúgio para quem atenta contra a democracia”, declarou o deputado.
A decisão de se manifestar publicamente não foi isolada. Desde a chegada da parlamentar ao país, Bonelli vinha alertando as autoridades sobre a gravidade do caso. Ele protocolou documentos, acionou o Ministério do Interior e pressionou para que o governo italiano respeitasse os tratados internacionais de extradição, mesmo diante da dupla cidadania da acusada.
Agora, com Zambelli sob custódia, a Itália tem até 48 horas para decidir se aceita o pedido de extradição feito pelo Brasil. A expectativa é de que a resposta saia ainda nesta semana.
Na contramão da extrema-direita europeia que tentou blindar a deputada brasileira, Bonelli mostrou que o Estado italiano não se curva à pressão ideológica nem ao oportunismo político. A imagem que se projeta, para muitos, é a de um parlamentar que colocou a democracia acima de fronteiras e deixou claro que a lei, na Itália, ainda vale para todos.
Por David Gonçalves, correspondente MD na Itália | Revisão: Daniela Gentil
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