A Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo deflagraram, nesta quinta-feira (31), a segunda fase da Operação Publicano, que apura um esquema de corrupção envolvendo servidores da Prefeitura de Guarulhos. As investigações apontam o desvio de R$ 14 bilhões em tributos municipais ao longo dos últimos 16 anos.
De acordo com os investigadores, os envolvidos manipulavam dados do sistema tributário para favorecer empresas, construtoras, cartórios e escritórios de arquitetura, principalmente no lançamento e cobrança do IPTU. A operação mobilizou 23 viaturas e 53 policiais civis, que cumpriram mandados de busca e apreensão em 10 endereços.
O esquema teria envolvido ao menos quatro secretarias municipais, entre elas a de Fazenda, Justiça, Desenvolvimento Econômico e Tecnologia. Desde a primeira fase da operação, deflagrada em 2022, 14 servidores foram afastados. Parte deles pediu aposentadoria após o início das investigações.
Como resposta à crise, o prefeito de Guarulhos, Lucas Sanches (PL), anunciou em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (31) que a gestão entrou com uma liminar na Justiça para impedir a exclusão de arquivos do sistema por empresas suspeitas. A prefeitura também abriu licitação para um novo sistema de gestão tributária, com foco em segurança e transparência.
Sanches destacou ainda o impacto financeiro do esquema. Segundo ele, embora Guarulhos arrecade cerca de R$ 6,5 bilhões por ano, o orçamento é consumido principalmente com folha de pagamento e dívidas, o que deixa pouca margem para investimentos. “Com os R$ 14 bilhões desviados, seria possível asfaltar todas as ruas da cidade e transformá-la completamente”, afirmou o prefeito.
Por Kátia Gomes | Revisão: Daniela Gentil
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