TURIM – O epicentro da violência
Turim concentrou os episódios mais graves. Um grupo de cerca de 200 manifestantes mascarados se separou da marcha principal — que reuniu mais de 20 mil pessoas contra o bloqueio da Flotilha em Gaza — e atacou a OGR (Officine Grandi Riparazioni). O local, que receberia uma conferência com John Elkann, Ursula von der Leyen e Jeff Bezos, foi completamente destruído.
Portões, janelas, mesas, cadeiras, portas e computadores foram quebrados com paus, tochas e bombas de fumaça. Jornalistas que registravam a cena foram ameaçados. A polícia dispersou o grupo.
Apesar da destruição, um anexo da OGR, preservado, passou a sediar o encontro. Pouco depois, manifestantes tentaram se aproximar do prédio e chegaram a menos de 100 metros das autoridades. A polícia interveio, e o confronto resultou em dezenas de feridos.
O balanço em Turim é de 54 feridos, dois em estado grave. Além dos choques, estudantes ocuparam escolas e o Palazzo Nuovo, sede do departamento de Humanidades. Estações de metrô foram fechadas, e o aeroporto local ficou paralisado por cerca de uma hora após a invasão de 90 manifestantes na pista.
ROMA – Multidão histórica
Na capital italiana, cerca de 300 mil pessoas se reuniram nas imediações do Coliseu em uma das maiores concentrações dos últimos anos. Bandeiras palestinas, faixas pelo fim da guerra e cantos de resistência marcaram o ato. Não houve protestos na praça central.
FLORENÇA – Estação ocupada
Na estação Santa Maria Novella, cerca de 5 mil pessoas ocuparam os trilhos, interrompendo o transporte ferroviário.
TOSCANA – Trânsito bloqueado
Na região, 10 mil manifestantes interditaram a Declassata, principal via de acesso da Toscana, paralisando o tráfego e afetando a mobilidade local.
TRIESTE – Policial em estado grave
Manifestantes tentaram invadir a estação ferroviária, quebrando janelas e arremessando objetos. A polícia respondeu com gás lacrimogêneo. Durante o confronto, um policial caiu, bateu a cabeça e foi hospitalizado em estado grave.
NÁPOLES – Confronto no porto
Grupos tentaram romper o bloqueio policial no porto usando pedras e paus, mas foram repelidos.
MILÃO – Conflitos no campus
Na Universidade de Milão, estudantes ocuparam o campus e entraram em confronto com a polícia. O saldo foi de mais de 60 feridos.
PISA – Cidade paralisada
Milhares de manifestantes bloquearam estações ferroviárias, campi universitários e acessos ao aeroporto, causando grandes transtornos.
VENEZA – Símbolo erguido
Na Universidade Iuav, estudantes penduraram uma faixa de oito metros com os dizeres “Palestina Livre”.
CAGLIARI – Marcha pelo centro
Manifestantes marcharam pelo centro, passando em frente ao conselho regional, e bloquearam temporariamente a estação ferroviária.
BOLONHA – Cenário de guerra
Na frente da estação central, confrontos intensos resultaram em 140 feridos, incluindo 25 policiais, e 16 ativistas presos.
Balanço nacional
Entre ontem e hoje, a Itália registrou 490 presos e mais de 600 atendimentos médicos durante os atos. O país vive um dos maiores levantes de rua dos últimos anos, marcado por ocupações estudantis, bloqueios de infraestrutura e ataques a locais simbólicos.
A tensão se agravou justamente no dia em que Ursula von der Leyen e Jeff Bezos estavam em Turim, transformando a Itália no epicentro das manifestações internacionais em defesa de Gaza.
Um novo capítulo político
A paralisação geral, inicialmente prevista para 4 de outubro, começou antes, no dia 2, e tomou conta das ruas em 3 de outubro. A pressão popular levou a primeira-ministra Giorgia Meloni a ser cobrada para reconhecer oficialmente a Palestina como Estado.
Meloni enfrenta uma situação delicada, tentando equilibrar sua aliança com Benjamin Netanyahu e Donald Trump.
O movimento ganhou amplitude com adesão de prefeituras, sindicatos e empresas. Alguns líderes locais participaram diretamente, como a prefeita de Gênova, Silvia Salis, que marchou ao lado dos manifestantes.
Por David Gonçalves, correspondente MD News na Itália | Revisão: Daniela Gentil
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