O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na noite de terça-feira (22) a assinatura de um novo acordo comercial com o Japão. A medida reduz de 25% para 15% as tarifas de importação entre os dois países, estabelecendo um regime de reciprocidade e marcando uma guinada nas políticas protecionistas adotadas em abril deste ano.
“Acabamos de concluir um grande acordo com o Japão, talvez o maior acordo já feito. O Japão investirá, sob minha direção, US$ 550 bilhões nos Estados Unidos, que receberão 90% dos lucros. Este acordo criará centenas de milhares de empregos, nunca houve nada parecido”, afirmou Trump em pronunciamento oficial.
Além da redução tarifária, o novo pacto inclui um investimento bilionário por parte do Japão na economia norte-americana e uma ampliação da oferta de automóveis japoneses no mercado dos EUA. Também foi estabelecida uma parceria estratégica para produção de gás natural liquefeito (GNL) no Alasca.
Acordos com Indonésia e Filipinas
Outros dois países asiáticos também entraram na lista de novos acordos comerciais: Indonésia e Filipinas. Ambos garantiram redução nas tarifas sobre seus produtos exportados aos Estados Unidos, em troca da diminuição de tributos norte-americanos sobre suas importações.
No caso das Filipinas, a negociação incluiu ainda uma nova parceria militar, que fortalece a presença dos EUA na região do Indo-Pacífico.
Recuo estratégico após ofensiva tarifária
As medidas fazem parte de um recuo estratégico do governo Trump. Em abril, o presidente havia anunciado tarifas comerciais de até 25% sobre produtos de 185 países, sob o argumento de reduzir a dívida nacional e “reequilibrar o comércio global”. Poucos dias depois, no entanto, o governo suspendeu por 90 dias a aplicação das taxas, mantendo uma tarifa-base de 10% para facilitar novas negociações bilaterais.
A mesma estratégia foi usada com a China, com quem os EUA travaram uma intensa guerra comercial. Alíquotas que chegaram a ultrapassar os 200% agora foram reduzidas para até 30%, após rodadas de negociação.
As novas tarifas devem entrar em vigor no dia 1º de agosto. Durante o período de transição, o governo dos EUA tem enviado cartas oficiais aos países afetados, detalhando as novas taxações e advertindo para possíveis sanções em caso de retaliação.
Brasil é taxado em 50% e vira alvo político
Um dos países mais duramente atingidos pela nova política tarifária é o Brasil, que foi incluído em uma lista de nações que terão produtos taxados em até 50%. Em comunicado enviado a Brasília, Trump afirmou que a medida busca “corrigir as graves injustiças do sistema” comercial atual.
O documento ainda relaciona a taxação ao que o presidente norte-americano chamou de “perseguição política” ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente réu no inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado em 2022.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu com firmeza, classificando como falsa a alegação de que os Estados Unidos estão em desvantagem no comércio bilateral. “As decisões judiciais brasileiras cabem somente ao Brasil”, declarou. Lula também defendeu uma reabertura das negociações, mas alertou que o país pode adotar medidas de retaliação com base na Lei da Reciprocidade.
Próximos passos
Enquanto os acordos com países asiáticos ganham força, especialistas apontam que a estratégia de Trump busca consolidar aliados e pressionar economias emergentes. Analistas avaliam que a nova política pode impactar exportações brasileiras de aço, soja e produtos manufaturados, além de tensionar ainda mais as relações diplomáticas entre Brasília e Washington.
As tarifas devem começar a valer já no início de agosto, e a resposta brasileira, possivelmente também tarifária,deve ser definida nas próximas semanas.
Por João Vitor Mendes | Revisão: Daniela Gentil
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