O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quinta-feira (14), que Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, “fez uma insensatez com o Brasil” ao taxar e sancionar o país.
“O Trump fez uma insensatez com o Brasil porque nós somos parceiros dos americanos há 201 anos. Não é de hoje: são 201 anos de relação diplomática”, disse Lula durante a cerimônia de inauguração da fábrica de hemoderivados da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), em Goiana (PE).
Na quarta-feira (13), Lula anunciou o plano de contingência para auxiliar os setores mais afetados pela tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos. Para tentar conter os efeitos do tarifaço, Lula criou uma linha de crédito para liberar R$ 30 bilhões para empresas brasileiras.
A medida, que agora será analisada pelo Congresso Nacional, busca apoiar aproximadamente 10 mil empresas afetadas por meio de três eixos principais: financiamento, compras públicas e revisão tributária.
Horas depois do anúncio do plano, os Estados Unidos anunciaram a revogação de vistos de cidadãos brasileiros e ex-funcionários da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) ligados à formulação do programa Mais Médicos, em 2013.
De acordo com uma nota assinada pelo secretário de Estado, Marco Rubio, o conjunto de ações visa punir a “cumplicidade com o esquema de exportação de mão de obra do regime cubano, no âmbito do programa Mais Médicos”.
No evento desta quinta, Lula pediu para os sancionados não se preocuparem com o visto dos EUA porque “o mundo é muito grande”. Ele ainda destacou que tem uma relação de respeito com Cuba.
“É importante eles saberem que a nossa relação com Cuba é uma relação de respeito a um povo que está sendo vítima de um bloqueio há 70 anos e hoje está passando necessidade em um bloqueio que não há nenhuma razão. Os Estados Unidos fizeram uma guerra e perderam; aceitem que perderam e deixem os cubanos viverem em paz”, disse.
Lula afirmou que não se curvará a pressões externas e que continuará defendendo o direito do povo cubano de viver em paz, livre de bloqueios e sanções.
Sobre o programa Mais Médicos
O programa Mais Médicos, criado em 2013 no governo Dilma Rousseff (PT), levou profissionais, em sua maioria cubanos, a regiões com escassez de médicos por meio de convênio com a Opas.
Parte do pagamento era retida pelo governo cubano. Em 2018, após a eleição de Jair Bolsonaro (PL), Cuba encerrou a participação no acordo.
Por Kátia Gomes | Revisão: Daniela Gentil
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