A deputada Carla Zambelli, aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro, voltou a se encontrar com o Judiciário italiano na última sexta-feira (4), quando foi ouvida pelo substituto do procurador-geral da Corte de Apelação de Roma, Erminio Amelio, em uma audiência prevista por lei. Trata-se de um procedimento separado e distinto em relação ao outro pedido de extradição já em andamento.
O novo pedido se refere a uma condenação distinta da primeira, relacionada à perseguição armada a um homem na região dos Jardins, em São Paulo, e soma-se à extradição já em curso por uma pena anterior de nove anos e seis meses por crimes cibernéticos contra o Ministério da Justiça brasileiro.
A próxima etapa será na quinta-feira, 9 de outubro, às 9h30, quando a Corte de Cassação italiana analisará o recurso da defesa que pede para Zambelli responder ao processo em liberdade, enquanto aguarda a decisão sobre a extradição.
Apesar das decisões já tomadas até aqui, vale lembrar que, perante a legislação italiana, a qualquer momento qualquer juiz pode decidir pela entrega de Zambelli à Justiça Brasileira. Qualquer magistrado tem poder para acatar as ordens do Judiciário brasileiro e determinar a extradição imediata da deputada. Porém, mesmo que um juiz italiano emita essa decisão, ela sempre depende da assinatura final do Ministro da Justiça, Carlo Nordio, que pode autorizar ou negar a entrega, garantindo o caráter final e executivo da decisão.
O caso combina questões judiciais e diplomáticas, reforçando o debate sobre o uso político de mandados internacionais. Enquanto aguarda as próximas decisões, Carla Zambelli permanece detida, sob vigilância especial, na penitenciária feminina de Rebibbia, em Roma.
O cerco estaria se fechando?
Mais do que uma questão judicial, o caso de Carla Zambelli revela um jogo de estratégias políticas e diplomáticas. A deputada, por ser uma figura de grande visibilidade no cenário brasileiro, transforma qualquer movimentação em Roma em assunto de interesse internacional.
Especialistas e analistas apontam que a Justiça italiana tem atuado com extrema cautela, equilibrando as exigências do Judiciário brasileiro com o respeito à cidadania italiana de Zambelli. Essa postura demonstra a atenção do país em evitar tensões diplomáticas e preservar a imagem de imparcialidade do sistema judicial.
Além disso, a repercussão midiática fortalece o olhar internacional sobre o caso, colocando Zambelli no centro de debates sobre extradição, direitos civis e política internacional. Para observadores, cada passo do processo é acompanhado de perto, e qualquer decisão pode ter impactos além das fronteiras, refletindo nas relações bilaterais entre Brasil e Itália.
O momento, portanto, é de atenção e expectativa, com a mídia e especialistas observando não apenas o andamento do processo, mas também as implicações políticas e diplomáticas que podem surgir nas próximas etapas.
Por David Gonçalves, correspondente MD na Itália | Revisão: Daniela Gentil
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