Os alimentos tradicionais da ceia de Natal ficaram, em média, 4,53% mais caros em 2025 na comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados fazem parte da prévia da cesta natalina do IPC (Índice de Preços ao Consumidor), divulgada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Apesar da alta, o aumento deste ano é o menor desde 2019, quando a variação registrada foi de 3,19%. Em 2024, a cesta havia subido 9,16%, quase o dobro do percentual atual. Para os especialistas, o resultado indica um cenário de inflação mais amena, embora ainda perceptível ao consumidor, especialmente em produtos típicos da ceia.
Com base no IPC da segunda quadrissemana de dezembro de 2024 em relação à segunda quadrissemana de novembro de 2025, a Fipe calculou que o preço médio da cesta natalina chegou a R$ 453,06. A lista reúne 15 itens tradicionalmente presentes nas cestas e ceias de Natal, avaliando suas oscilações anuais.
Azeite de oliva puxa queda e alivia impacto
Entre todos os produtos analisados, apenas um apresentou recuo no preço: o azeite de oliva extra virgem, que caiu expressivos 23,06%. O movimento chama atenção porque, há um ano, o produto estava entre os itens que mais pressionavam o orçamento das famílias, resultado de problemas climáticos nos maiores países produtores e da quebra de safra mundial.
Em 2025, o cenário se inverteu. A normalização na oferta internacional, a recuperação da produção em países mediterrâneos e a maior estabilidade na importação contribuíram para reduzir o preço ao consumidor brasileiro. Essa queda ajudou a conter o avanço da inflação da cesta como um todo, evitando uma pressão ainda maior sobre o bolso dos consumidores.
Peru lidera altas; doces também encarecem
Apesar da queda do azeite, quase todos os produtos da cesta subiram. A maior alta veio do quilo do peru, que aumentou 13,62%. O produto costuma ser um dos protagonistas das ceias e tradicionalmente sofre aceleração de preços conforme o Natal se aproxima, por causa da alta demanda e da oferta limitada no período.
Outros itens que apresentaram forte alta foram:
- Azeitona verde com caroço: +12,53%
- Caixa de bombom: +10,81%
Segundo os pesquisadores, a valorização dos alimentos industrializados e dos importados, além de custos logísticos e de transporte, influenciaram os reajustes.
Itens sazonais também sobem mas há exceções
Além dos produtos que compõem a cesta principal, a Fipe analisou também outros itens associados às festividades, embora estejam fora da cesta natalina formal. Alguns deles subiram além da média, como:
- Ave tipo chester: +13,85%
- Filé mignon: +9,70%
Por outro lado, alguns produtos típicos do verão e frequentemente consumidos nas festas recuaram:
- Pêssego de feira: –6,85%
- Sorvete por quilo: –6,99%
Esse comportamento misto reflete tanto fatores climáticos quanto dinâmica de mercado, já que frutas e sobremesas geladas costumam oscilar mais de acordo com oferta e safra.
Planejamento é fundamental, alerta Fipe
Diante das oscilações de preço e da tendência de alta que se intensifica conforme dezembro avança, a Fipe reforça a importância de os consumidores se planejarem.
“A mensagem principal que este estudo passa, ano após ano, é que os números reforçam a importância do planejamento antecipado para economizar nas festas de fim de ano”, afirma Guilherme Moreira, coordenador do IPC-Fipe.
Moreira ressalta que, quanto mais próximos do Natal, maiores são as chances de aumentos adicionais em itens como peru, pernil, lombo e chester. Antecipar as compras pode garantir economia significativa, especialmente para famílias que organizam ceias maiores.
O que compõe a cesta de Natal analisada
A cesta do estudo da Fipe inclui 15 produtos considerados tradicionais nas ceias ou nas cestas prontas vendidas no comércio. São eles:
- Peru
- Lombo de porco
- Atum sólido
- Macarrão espaguete
- Caixa de bombom
- Panetone com frutas cristalizadas
- Vinho tinto
- Champanhe
- Sucos néctar de laranja e morango
- Molho de tomate
- Azeitona verde com caroço
- Palmito
- Queijo ralado
- Azeite de oliva extra virgem
Além desses, a pesquisa acompanha outros 11 itens classificados como “produtos natalinos”, devido ao aumento de consumo no período, como chester, frutas de fim de ano e carnes nobres.
“Na cesta de Natal, incluímos produtos típicos das cestas prontas, enquanto nos itens de Natal consideramos aqueles que têm consumo ampliado nesta época”, explica Moreira.
O impacto no bolso do consumidor
Embora a inflação da cesta tenha desacelerado em relação ao ano anterior, o aumento de 4,53% ainda significa mais custos para as famílias que desejam manter a tradição da ceia. Em muitos casos, consumidores terão de adaptar receitas, substituir itens mais caros ou reduzir a quantidade de produtos.
O peru, por exemplo, continua sendo um dos maiores vilões, com reajuste que supera a inflação oficial prevista para o ano. A alta da azeitona, frequentemente usada em pratos típicos, também pesa no orçamento. Já os preços mais baixos do azeite trazem um alívio bem-vindo, especialmente para quem utiliza o produto em grande quantidade nas festas.
Além disso, os doces como panetones e caixas de bombom continuam figurando entre os itens mais procurados no período, o que tende a manter os preços pressionados.
Perspectivas
O comportamento do preço dos alimentos de Natal costuma variar conforme o desempenho da economia, os custos das cadeias produtivas e a demanda no comércio. Para 2025, a expectativa é de inflação sob controle, mas ainda influenciada por fatores sazonais e pelos custos da indústria alimentícia.
A desaceleração em relação a 2024 mostra que há tendência de estabilidade, mas o consumidor brasileiro ainda enfrenta desafios, especialmente quando se trata de produtos específicos das festas de fim de ano.
Por Alemax Melo I Revisão: Daniela Gentil
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