A Polícia Federal prendeu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na manhã deste sábado (22), após ordem de prisão preventiva expedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A corporação explicou que a decisão tem caráter cautelar e não diz respeito ao cumprimento de pena.
O ex-presidente, que desde 4 de agosto cumpria prisão domiciliar, foi conduzido para a Superintendência da PF, em Brasília. Ele ficará alojado em uma sala de Estado, ambiente reservado a autoridades que já ocuparam cargos de alta relevância, e deve ficar preso até a execução de sua pena. O comboio policial chegou ao local por volta das 6h35, no horário de Brasília.
Na decisão, Alexandre de Moraes afirmou que Jair Bolsonaro tentou violar sua tornozeleira eletrônica na madrugada deste sábado e que se aproveitaria de uma vigília, convocada pelo seu filho Flávio, para tentar uma fuga.
Risco à ordem pública levou à decisão
A medida foi tomada para evitar riscos à ordem pública. Na noite anterior, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) havia chamado apoiadores para uma vigília em defesa do pai. Para a PF, o ato poderia desencadear tensões, colocar participantes em risco e comprometer a segurança de agentes envolvidos na operação.
Embora Bolsonaro tenha sido condenado em setembro a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado, o mandado cumprido neste sábado não está relacionado a essa sentença. A condenação ainda está em fase de recursos e não transitou em julgado.
Defesa tenta manter Bolsonaro em casa
Horas antes da prisão, a defesa do ex-presidente havia solicitado ao ministro Alexandre de Moraes que, caso necessário, fosse autorizada a prisão domiciliar humanitária. Os advogados afirmam que Bolsonaro enfrenta um “quadro clínico grave” e possui diversas comorbidades, razão pela qual uma eventual transferência para uma unidade prisional representaria “risco concreto à vida”.
A equipe jurídica reiterou que continuará recorrendo da condenação e pediu urgência para que o ex-presidente permanecesse em casa enquanto os recursos seguem em tramitação.
Reação de autoridades
A prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro mobilizou aliados e integrantes da oposição ao governo. Parlamentares e figuras próximas ao ex-presidente criticaram a decisão do Supremo Tribunal Federal e classificaram a medida como injusta.
O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), publicou em sua conta no X, antigo twitter, o seguinte: “Moraes determina a prisão preventiva do Presidente Bolsonaro para “garantia da ordem pública”. A prisão foi uma reação ao pedido de vigília que o Senador Flávio Bolsonaro fez que seria feita em frente ao condomínio de Bolsonaro. Agora eu pergunto: qual a ameaça a ordem pública um ato de oração pela vida de um idoso com a saúde debilitada? Moraes quer matar Bolsonaro. É muita crueldade, covardia e injustiça!”
https://x.com/carlosjordy/status/1992175231008387085
O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do partido na Câmara, afirmou que a prisão representa, na visão dele, um ato de perseguição política. Disse que Bolsonaro “não cometeu desvios”, defendeu sua atuação econômica e declarou que a medida aprofunda um cenário de injustiça no país.
A parlamentar Caroline de Toni (PL-SC), líder da Minoria, afirmou que a decisão judicial é, segundo ela, “um dos maiores absurdos” já registrados. Para Caroline, o processo contra Bolsonaro seria “nulo”, e ela prometeu atuar politicamente contra o que chama de injustiça.
Fábio Wajngarten, ex-ministro e advogado de Bolsonaro, em mensagem divulgada nas redes sociais, classificou a prisão como inesperada e criticou a execução do mandado em um sábado. Ele também mencionou o estado de saúde do ex-presidente e chamou a situação de “vergonhosa”.
Por: Marília Duarte I Revisão: Lorrayne Rosseti
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