Neste sábado, 17 de maio, é celebrado o Dia Mundial da Hipertensão, data criada para alertar a população sobre uma das condições de saúde mais perigosas e silenciosas: a pressão alta. No Brasil, aproximadamente 30 milhões de pessoas convivem com a hipertensão, segundo dados do Ministério da Saúde.
Apesar de ser amplamente conhecida, a doença ainda é subestimada por muitos. Isso ocorre porque, em boa parte dos casos, ela não apresenta sintomas evidentes, o que dificulta o diagnóstico precoce e aumenta os riscos de complicações sérias como infarto, AVC e insuficiência renal.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito, incluindo medicamentos e acompanhamento médico nas Unidades Básicas de Saúde. Além disso, a informação é uma poderosa aliada no combate à doença.
Apesar da divulgação de uma nova diretriz europeia em 2024, o valor para diagnóstico de hipertensão no Brasil continua sendo 14 por 9, ou 140 por 90 mmHg, segundo o cardiologista Audes Feitosa, um dos autores da diretriz brasileira. Ele explica que a pressão ideal é abaixo de 12 por 8, sendo considerada normal até 130 por 84. Entre 130 e 139 (sistólica) e 85 a 89 (diastólica), já é classificada como pré-hipertensão. A partir de 115 por 75, o risco cardiovascular começa a subir, mas ainda não há necessidade de medicação. Para pacientes com alto risco, como os que já sofreram infarto, o tratamento pode ser iniciado a partir de 130 por 80.
Embora a hipertensão seja mais comum em idosos, ela já atinge cerca de 3,5 milhões de crianças e adolescentes no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão. O cardiologista Ciro Jones afirma que fatores genéticos e hábitos não saudáveis estão entre as principais causas. Filhos de pais hipertensos têm maior probabilidade de desenvolver a condição ainda na juventude. Em mulheres jovens, o uso de anticoncepcionais orais também pode elevar a pressão arterial. Nestes casos, o método contraceptivo pode precisar ser substituído.
É mito pensar que apenas pessoas acima do peso são hipertensas. Segundo o cardiologista Nabil Ghorayeb, pessoas com diabetes, aterosclerose ou dieta rica em sal podem apresentar pressão alta mesmo com peso considerado ideal. O uso de drogas ilícitas também pode desencadear quadros hipertensivos.
O diagnóstico da hipertensão é feito por meio de medições regulares da pressão arterial com um aparelho chamado esfigmomanômetro. De acordo com o cardiologista Rodrigo Almeida Souza, geralmente são necessárias várias medições ao longo de dias ou semanas para confirmação do diagnóstico, devido à variação natural da pressão. Exames complementares, como sangue, urina, eletrocardiograma e ecocardiograma, podem ser solicitados.
Mesmo sem sintomas aparentes, a hipertensão pode comprometer o funcionamento de órgãos vitais como coração, cérebro, rins, olhos e vasos sanguíneos. Ela favorece o desenvolvimento de doenças como infarto, AVC, insuficiência renal, demência, aneurismas e perda de visão, por isso é conhecida como “assassina silenciosa”.
Para controlar a pressão arterial, especialistas recomendam mudanças no estilo de vida. Isso inclui reduzir o consumo de sal, aumentar o consumo de alimentos ricos em potássio, praticar atividades físicas regularmente, manter o peso adequado, evitar álcool e não fumar. Caso necessário, o uso de medicamentos deve ser prescrito por um médico. Controlar o estresse, dormir bem e realizar consultas periódicas também são medidas fundamentais para manter a pressão sob controle.
Por Alemax Melo | Revisão: Daniela Gentil