Desde que a Marvel revolucionou o cinema com seu Universo Cinematográfico, a ideia de narrativas interligadas dentro de um mesmo universo se tornou uma referência no entretenimento. Mas enquanto várias franquias tentaram replicar essa fórmula, poucas conseguiram fazer isso com a mesma maestria que a Remedy Entertainment nos videogames. Com Control e Alan Wake, o estúdio não só criou histórias memoráveis, mas também consolidou um universo compartilhado coeso e bem estruturado, algo ainda raro na indústria dos games.
Diferente de apenas insinuar que dois jogos coexistem no mesmo mundo, a Remedy constrói essa conexão de forma orgânica, costurando eventos, personagens e mistérios de maneira sutil e inteligente. Em Control, por exemplo, encontramos arquivos e referências diretas aos eventos de Alan Wake, provando que tudo faz parte de um mesmo universo. Mas isso não é apenas um fan service; é uma construção cuidadosa, onde cada peça do quebra-cabeça contribui para ampliar a mitologia da Remedy, assim como a Marvel faz no cinema ao interligar seus filmes em um arco narrativo maior.
E se a narrativa já prende a atenção por si só, Control também brilha em sua jogabilidade inovadora. Jesse Faden, a protagonista, não se limita a uma simples arma – a Service Weapon pode se transformar em pistola, escopeta, metralhadora e muito mais, oferecendo uma versatilidade única no combate. Além disso, seus poderes telecinéticos fazem com que o jogador se sinta como um verdadeiro ser superpoderoso, manipulando objetos e até levitando pelo cenário. Esses elementos, aliados à mecânica dos Objetos de Poder e dos eventos de Mundo Alterado, criam uma experiência singular que vai muito além de um jogo de tiro convencional.
O mundo de Control é denso, misterioso e fascinante, repleto de segredos para os jogadores explorarem. A história se desenrola dentro da sede do Bureau Federal de Controle, um prédio que desafia as leis da física e esconde fenômenos paranormais inexplicáveis. Cada documento encontrado, cada missão secundária e cada detalhe do cenário ajudam a expandir ainda mais o universo do jogo, criando uma atmosfera que faz o jogador querer investigar cada canto desse mistério.
E essa grandiosidade não se limita apenas a Control. Com a expansão AWE, a Remedy deixou claro que suas histórias não estão apenas conectadas – elas fazem parte de algo muito maior. O retorno de Alan Wake nesse DLC confirmou de vez que o escritor preso no Dark Place e Jesse Faden enfrentam ameaças que compartilham uma mesma origem. Mais do que apenas referências ou easter eggs, estamos falando de um universo vivo, onde cada peça se encaixa para formar um grande mosaico narrativo.
Com Control 2 já em desenvolvimento, a expectativa é enorme para ver até onde a Remedy levará essa construção de mundo. Se o estúdio continuar expandindo esse universo interligado com o mesmo nível de qualidade e atenção aos detalhes, estamos diante de um caso raro onde os videogames provam ser uma mídia perfeita para criar mitologias ricas e complexas. Assim como a Marvel fez no cinema, a Remedy está pavimentando seu próprio caminho nos games – e se continuar nessa trajetória, estamos apenas no começo de algo grandioso.
Por: André Silveira Guéli (@dregueli)