A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo confirmou no sábado (27), a segunda morte causada pelo consumo de bebida adulterada com metanol. A Secretaria de Segurança Pública informou que um homem de 38 anos morreu no dia 18 de setembro. Já a Secretaria de saúde comunicou que outro homem, de 54 anos, veio a óbito no dia 15 de setembro, na Mooca, zona leste da capital.
Até o momento, oito pessoas estão internadas com intoxicação e mais 10 casos estão sendo investigados, todos derivados do consumo da substância em ambientes sociais, como bares e festas. As ocorrências foram registradas entre 1º e 18 de setembro, em municípios como São Paulo, Limeira e Bragança Paulista.
Casos fora do padrão e investigação
As notificações foram encaminhadas ao Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox), em Campinas, e ao governo federal, que classificaram a situação como atípica. Diferente de episódios anteriores — que envolviam principalmente pessoas em situação de rua consumindo combustíveis —, desta vez as intoxicações ocorreram em ambientes sociais e envolveram bebidas como gin, whisky e vodka.
Em nota, o Ministério da Justiça e Segurança Pública destacou que os episódios são “fora do padrão”. A Secretária Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos, Marta Machado, alertou que a situação é grave e pode evoluir para um surto. Foi agendada uma reunião do Comitê Técnico do Sistema de Alerta Rápido (SAR) para segunda-feira (29/09), reunindo representantes do Ministério da Saúde, Polícia Federal, Anvisa, Vigilância Sanitária, Receita Federal e órgãos periciais com o objetivo de coordenar a investigação, rastrear a origem das bebidas adulteradas e definir ações de fiscalização e orientação à população.
Por que esses casos são preocupantes?
Mesmo se for ingerido em pequenas quantidades, o metanol causa náuseas, tonturas, cegueiras e até morte. O Ciatox e o governo federal consideram a situação preocupante e atípica, uma vez que o padrão das vítimas e os locais de consumo (bares e festas) diferem de surtos anteriores.
O que é metanol?
O metanol é uma substância incolor, inflamável e com odor semelhante ao das bebidas alcoólicas, mas é altamente tóxico e não deve ser comercializado para consumo humano. Ele pode aparecer em pequenas quantidades em frutas e vegetais e é até produzido pelo corpo humano em quantidades ínfimas.
Historicamente, trabalhadores obtinham metanol pela destilação de madeira — o chamado “álcool da madeira”. Hoje em dia, é produzido industrialmente a partir do gás natural. No Brasil, é usado como matéria-prima para produção de biodiesel. Outras aplicações industriais e comerciais incluem a fabricação de formaldeído (formol), ácido acético, tintas, solventes e plásticos; além disso, está presente em anticongelantes, limpa-vidros e removedores de tinta. Em alguns casos, metanol já foi utilizado como combustível em carros de corrida e pequenos motores, embora o uso excessivo prejudique o motor.
Alerta e recomendações às pessoas
Autoridades recomendam que a população compre apenas bebidas de fabricantes legalizados, conferindo rótulo, lacre de segurança e selo fiscal, e evite produtos de procedência duvidosa. Produtos falsificados representam risco direto à vida e podem causar sequelas irreversíveis. Em caso de suspeita de ingestão, procure atendimento médico imediatamente e informe aos profissionais a possibilidade de intoxicação por metanol.
Por: Lais Pereira da Silva e Pietra Gomes | Revisão: Daniela Gentil
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