O Sistema Único de Saúde (SUS) iniciou a distribuição gratuita de dois novos modelos de preservativos: texturizados e finos. A iniciativa, além de manter a versão tradicional, busca incentivar o uso contínuo de camisinhas no país, reforçando a prevenção contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e evitando gestações não planejadas.
Segundo o Ministério da Saúde, a diversificação da oferta atende às diferentes preferências da população e procura tornar o preservativo mais atraente, especialmente entre os jovens, faixa etária em que o uso tem apresentado queda nos últimos anos. A medida também responde à baixa solicitação de preservativos por estados e municípios após a pandemia de covid-19.
“Estamos ampliando as opções para que mais pessoas sintam-se motivadas a usar preservativo de forma correta e constante, reduzindo riscos de ISTs e gravidez não planejada”, afirmou um porta-voz da pasta.
Queda no uso de preservativos entre jovens
Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS/IBGE 2019) apontam que, entre pessoas com 18 anos ou mais que tiveram relação sexual nos 12 meses anteriores à entrevista, apenas 22,8% relataram usar preservativo em todas as relações sexuais. Outros 17,1% afirmaram utilizar às vezes, enquanto 59% declararam não usar nenhuma vez.
Relatórios da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2024) corroboram essa tendência de redução do uso de preservativos entre jovens, um fator preocupante para a saúde pública e a prevenção de ISTs, incluindo HIV.
Meta de distribuição: 400 milhões de unidades
A expectativa do Ministério da Saúde é distribuir 400 milhões de preservativos ao longo de 2025. Até então, o SUS oferecia apenas dois tipos: a camisinha externa, feita de látex, e a interna, de látex ou borracha nitrílica.
A nova oferta de preservativos texturizados e finos faz parte de uma estratégia mais ampla conhecida como Estratégia de Prevenção Combinada, que integra múltiplos métodos de proteção. Entre eles estão o uso de preservativos, gel lubrificante, profilaxias pré e pós-exposição (PrEP e PEP), diagnóstico e tratamento do HIV e outras ISTs, vacinação e ações de promoção da saúde sexual e reprodutiva.
Distribuição gratuita e acessível
Os preservativos são disponibilizados gratuitamente nas unidades básicas de saúde (UBS) do país, sem necessidade de documento de identificação e sem restrição de quantidade. A medida visa facilitar o acesso para todas as pessoas, independentemente de idade, gênero ou classe social.
“A entrega sem burocracia é essencial para que o maior número possível de brasileiros possa se proteger e se conscientizar sobre a importância do uso correto do preservativo”, disse um técnico do programa.
Proteção contra ISTs
As ISTs são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos e são transmitidas principalmente por meio de relações sexuais sem proteção. Entre as infecções mais comuns estão HIV, sífilis, gonorreia, clamídia e HPV.
O uso da camisinha em todas as relações sexuais é considerado o método mais eficaz para a prevenção dessas doenças, sendo parte central das políticas de saúde pública do país. A introdução de novos modelos busca não apenas reduzir barreiras ao uso, mas também atender à demanda de jovens que relatam menor adesão à camisinha tradicional.
Contexto internacional e boas práticas
Diversos países já adotam preservativos diferenciados, como finos ou texturizados, para aumentar o interesse de jovens e adultos pelo uso regular. Pesquisas internacionais indicam que variedade e conforto na escolha do preservativo podem aumentar significativamente a adesão, reduzindo o risco de contaminação por ISTs e de gravidez não planejada.
O Brasil, com a nova estratégia, pretende alinhar-se a essas práticas, reforçando políticas preventivas e consolidando a atenção à saúde sexual como prioridade.
Impacto esperado
Com a distribuição de 400 milhões de preservativos em 2025, a expectativa é ampliar o acesso à proteção em todo o território nacional, especialmente em regiões onde a cobertura de prevenção ainda é baixa. O ministério acompanha indicadores de uso de preservativo e taxa de ISTs para avaliar os resultados da medida.
Além disso, a ação reforça campanhas educativas nas escolas e em unidades de saúde, incentivando o debate sobre sexo seguro, respeito às diferentes orientações sexuais e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.
Por Alemax Melo l Revisão: Daniela Gentil
VEJA TAMBÉM: Hospitais poderão quitar dívidas com serviços ao SUS