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Senado aprova voto de censura a chanceler alemão após ataques a Belém

Declaração de Friedrich Merz sobre a capital paraense é considerada preconceituosa, gera reação no Congresso e será comunicada oficialmente ao governo da Alemanha

O Senado Federal aprovou, na noite de terça-feira (18), um voto de censura ao chanceler alemão Friedrich Merz por causa de declarações consideradas ofensivas à cidade de Belém, no Pará. O documento é uma manifestação oficial de repúdio da Casa Legislativa e será encaminhado ao Ministério das Relações Exteriores, que deverá remeter a posição do Senado ao governo da Alemanha.

Na prática, o voto de censura funciona como um registro formal de descontentamento. Não derruba governo, não rompe relações diplomáticas, mas deixa claro que o Parlamento brasileiro não concorda com a postura do chanceler. É um recado político: o Brasil aceita o debate, mas não admite desrespeito, especialmente em um momento em que o país se prepara para receber a COP30, um dos principais eventos do mundo sobre clima.

A origem da polêmica

Friedrich Merz esteve em Belém recentemente para participar da Cúpula dos Líderes, encontro preparatório para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30). A reunião antecede a conferência oficial e já coloca a cidade paraense no centro das atenções internacionais.

De volta à Alemanha, em discurso no Congresso Nacional do Comércio, Merz resolveu comparar a experiência no Brasil com a realidade alemã. Ao tentar exaltar a beleza de seu país, acabou menosprezando Belém de forma pública.

No pronunciamento, o chanceler relatou que perguntou a jornalistas que o acompanharam ao Brasil quem gostaria de permanecer lá. Segundo ele, “ninguém levantou a mão” e todos teriam ficado satisfeitos por retornar à Alemanha, “especialmente daquele lugar onde estávamos”. O “lugar” em questão era Belém.

A fala caiu mal no Brasil. O tom irônico, somado à generalização sobre a cidade, foi interpretado como desrespeito não apenas ao município, mas também ao povo paraense e, por extensão, aos brasileiros. Rapidamente, o trecho viralizou, gerando memes, críticas e ampla repercussão nas redes sociais e na imprensa.

Reação no Senado

Entre os que reagiram com mais firmeza está o senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), autor do requerimento que deu origem ao voto de censura. Para ele, a declaração do chanceler ultrapassou o limite do aceitável.

Segundo o parlamentar, as afirmações “não foram apenas infelizes”, mas carregadas de xenofobia e preconceito. Marinho destacou que a COP30 é uma oportunidade histórica para o mundo discutir medidas concretas contra o aquecimento global, e que Belém foi escolhida justamente por estar no coração da Amazônia, região estratégica para o equilíbrio climático do planeta.

“A COP 30 é uma oportunidade para que os países assumam compromissos reais e ambiciosos. Belém foi escolhida justamente por estar no coração da Amazônia, onde se trava a batalha mais importante contra o aquecimento global”, afirmou o senador. Ele reforçou que a fala de Merz desrespeitou o povo brasileiro e, em especial, os paraenses, que têm se preparado para receber chefes de Estado, especialistas e organizações de vários países.

A aprovação do voto de censura no plenário é uma forma de dar peso institucional a esse sentimento de indignação. Não se trata apenas de opinião isolada de um senador, mas de uma posição oficial do Senado brasileiro.

Como o caso foi visto na Alemanha

A declaração de Merz também foi noticiada pela imprensa alemã. A Deutsche Welle (DW), emissora pública internacional do país, registrou o discurso e apontou que o chanceler utilizou o exemplo do Brasil para defender a ideia de que a Alemanha oferece um ambiente comercial mais próspero e “livre” para os negócios.

Apesar da repercussão negativa no Brasil, até o momento o chanceler não se manifestou novamente sobre o assunto. Não houve pedido público de desculpas ou esclarecimento direto dirigido ao povo brasileiro ou às autoridades de Belém. Esse silêncio acabou ampliando a sensação de descaso e reforçou a necessidade de uma resposta institucional do lado brasileiro.

Tentativa de amenizar a crise

Diante da repercussão, quem decidiu se posicionar foi o ministro alemão do Meio Ambiente, Carsten Schneider. Em mensagem publicada nas redes sociais, e escrita em português, ele fez elogios ao país e tentou reverter a impressão deixada pelo discurso de Merz.

Brasil é um país maravilhoso, com um povo acolhedor e bom anfitrião. Pena que não poderei ficar mais tempo após a COP. Teria algumas ideias, por exemplo, pescar com meus amigos da Amazônia”, escreveu Schneider.

O tom amistoso da mensagem foi interpretado como uma tentativa de apaziguar a situação, ressaltando o lado positivo da relação com o Brasil e reconhecendo a hospitalidade do povo brasileiro. Ainda assim, a manifestação do ministro não elimina a necessidade de o episódio ser tratado com seriedade, já que partiu de uma das principais autoridades políticas da Alemanha.

Belém no centro da agenda climática

Belém, capital do Pará, foi escolhida como sede da COP30 por sua localização estratégica na Amazônia, bioma fundamental para frear o avanço das mudanças climáticas. A cidade vem passando por adaptações de infraestrutura, mobilidade e serviços para receber o grande volume de visitantes previsto para o evento.

A fala de Merz foi vista como desinformada por muitos especialistas e autoridades locais. Eles ressaltam que, embora a cidade enfrente desafios típicos de grandes centros urbanos brasileiros  como questões de saneamento, transporte e desigualdade social, Belém também é rica em cultura, história, gastronomia e biodiversidade, além de ter papel central na discussão sobre preservação ambiental.

Para parlamentares do Pará e de outros estados, a declaração do chanceler alemão reforça estereótipos sobre a Amazônia e ignora a complexidade da região, que combina problemas reais com enorme potencial econômico, científico e social.

Peso político do voto de censura

O voto de censura aprovado pelo Senado não tem efeitos práticos diretos sobre a política externa, como quebra de acordos ou sanções, mas possui forte valor simbólico. Ele será encaminhado ao Itamaraty, que deverá fazer chegar o conteúdo ao governo alemão por via diplomática.

Na visão de senadores, esse tipo de manifestação serve para fixar uma linha de respeito mínimo no relacionamento entre países. Críticas e divergências são naturais na política internacional, mas declarações consideradas ofensivas a cidades, povos ou culturas precisam ser respondidas.

Ao registrar esse repúdio, o Senado busca também proteger a imagem de Belém e da Amazônia num momento em que o Brasil tenta se afirmar como protagonista da agenda climática global. A mensagem é de que o país está aberto à cooperação, mas exige que essa parceria seja construída com base em respeito mútuo.

Relações seguem, mas com lições

Especialistas em relações internacionais avaliam que o episódio não deve causar uma crise profunda entre Brasil e Alemanha, que mantêm há décadas parcerias importantes em comércio, meio ambiente, ciência e tecnologia. No entanto, o caso deixa uma lição sobre a responsabilidade de lideranças políticas ao falar sobre outros países, sobretudo em tempos de alta exposição nas redes sociais e comunicação instantânea.

Para o Brasil, a prioridade segue sendo garantir que a COP30 em Belém ocorra de forma organizada, segura e eficiente, mostrando ao mundo a importância da Amazônia e a capacidade do país de sediar grandes eventos globais. Para a Alemanha, o momento é de avaliar internamente o impacto das palavras do chanceler e, se considerar adequado, buscar formas de demonstrar respeito às populações que se sentiram atingidas.

Enquanto isso, Belém segue  determinada a mostrar na prática que está distante da imagem negativa sugerida no discurso de Merz e que tem muito a oferecer em termos de cultura, hospitalidade e compromisso com o futuro do planeta.

Por Alemax Melo I Revisão: Daniela Gentil

VEJA TAMBÉM: Ministro alemão elogia o Brasil após críticas do chanceler e destaca experiência positiva na Amazônia

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Marcia Dantas

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