A chegada da TV 3.0 deve marcar uma nova fase para a televisão aberta no Brasil, aproximando ainda mais o setor da audiência e permitindo maior integração com a internet. Essa foi a tônica do painel “Visão dos CEOs: o futuro da mídia”, que abriu oficialmente a 35ª SET Expo, maior feira de tecnologia e negócios de mídia e entretenimento da América Latina, realizada no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo.
O debate reuniu os principais executivos do setor: Paulo Marinho, diretor-presidente da Globo; Daniela Abravanel Beyruti, presidente do SBT; Marcus Vinicius Vieira, CEO da Record; e Claudio Luiz Giordani, CEO do Grupo Bandeirantes. A mediação ficou a cargo do jornalista Guilherme Ravache.
União entre concorrentes
Os executivos destacaram que, diante dos desafios trazidos pela inovação digital, a união entre as emissoras é essencial. “Estarmos aqui juntos prova que estamos unidos em defesa do meio. A TV aberta tem uma cauda longa pela frente. Já nos reinventamos em 2007, com a digitalização”, afirmou Giordani, que defendeu apoio governamental para garantir a presença obrigatória dos canais abertos nos televisores fabricados no país.
Na mesma linha, Daniela Beyruti ressaltou a dificuldade atual de acessar os canais gratuitos em determinados aparelhos e sugeriu que a TV aberta tenha tratamento de must carry. “Deveria haver uma imposição governamental de que toda televisão tenha acesso à TV aberta. Hoje já é difícil acessar a TV aberta em muitos televisores”, disse.
A presidente do SBT também reforçou o papel da televisão como um ambiente de credibilidade em meio à proliferação de conteúdos falsos e anúncios fraudulentos. “Eu vejo [a TV aberta] como um porto seguro, no meio de tanta gente falando, de tanto conteúdo esdrúxulo”, afirmou.
Novas possibilidades
De acordo com Paulo Marinho, a TV 3.0 trará avanços significativos para a experiência do público. Entre eles, publicidade segmentada, interatividade, conteúdos em 4K e 8K, áudio imersivo e maior precisão na medição de audiência. “Nosso objetivo é continuar sendo um ponto de encontro da população brasileira, valorizar o Brasil e suas histórias com conteúdo de qualidade”, destacou Marinho.
Ele também ressaltou a importância de se discutir a regulação das plataformas digitais: “A liberdade de expressão é um princípio básico que todos nós defendemos. Trata-se de coibir excessos e conteúdos falsos que afrontam a legislação brasileira, de criar mecanismos que beneficiem a sociedade brasileira”.
O futuro da mídia
Apesar dos desafios, os CEOs demonstraram otimismo em relação às transformações da indústria. Giordani apontou a inteligência artificial como ferramenta fundamental para redução de custos e apoio à criação de conteúdo. “O futuro da indústria depende da nossa criatividade e da nossa união”, afirmou.
Daniela Beyruti, por sua vez, destacou que, diferente da transição do analógico para o digital em 2007, agora as emissoras atuam em conjunto, o que deve agilizar a implementação. Ela também comentou a estratégia de levar influenciadores digitais para a TV: “A televisão é o que os consolida e dá o selo de que eles são famosos, que alcançaram outro patamar”.
Decreto da TV 3.0
Havia a expectativa de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, (PT) assinasse durante o evento o decreto que regulamenta a TV 3.0. Porém, o presidente da SET, Paulo Henrique Corona Viveiros de Castro, informou que a assinatura foi adiada em uma semana. O Ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho, confirmou que o decreto será formalizado no próximo dia 27 de agosto.
“O decreto é prioridade para a radiodifusão brasileira”, disse o ministro.
A SET Expo 2025 segue até a próxima quinta-feira (21), reunindo profissionais, executivos e especialistas para discutir inovação, tecnologia e negócios no setor audiovisual.
Por João Vitor Mendes | Revisão: Laís Queiroz
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