Em uma década marcada por esforços conjuntos entre governos, profissionais de saúde e a população, o Brasil conseguiu reduzir significativamente as mortes causadas por hepatites virais. Segundo o novo Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais, divulgado em julho, pelo Ministério da Saúde, o país registrou uma queda expressiva na mortalidade relacionada às hepatites B e C, refletindo o impacto positivo de políticas públicas de vacinação e vigilância ativa.
Entre 2014 e 2024, o número de mortes por hepatite B caiu 50%, passando de 0,2 para 0,1 óbito a cada 100 mil habitantes. Já a hepatite C apresentou um recuo ainda mais notável: 60%, saindo de um óbito por 100 mil habitantes para 0,4.
Esses resultados colocam o Brasil na trilha certa para atingir as metas da Organização Mundial da Saúde (OMS), que prevê a eliminação das hepatites virais como problema de saúde pública até 2030, com uma redução de 65% na mortalidade e de 90% na incidência da doença. Segundo Mario Gonzales, coordenador-geral de Vigilância das Hepatites Virais do Ministério da Saúde, “atingir 60% de redução já em 2024 mostra que estamos adiantados no caminho da eliminação”.
Um dos principais motores dessa mudança foi a recuperação da cobertura vacinal contra a hepatite B, especialmente entre crianças e recém-nascidos. De acordo com o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, houve uma retomada importante: “Saímos de 82,7% de cobertura em 2022 para 94,19% em 2023. Isso é fruto do trabalho incansável dos profissionais nas salas de vacinação e das ações coordenadas do SUS.”
Outro avanço relevante apresentado no boletim foi o desenvolvimento de uma plataforma inédita de monitoramento, que permitirá aos estados e municípios identificar lacunas na prevenção, testagem e tratamento da doença. A ferramenta faz parte do conjunto de estratégias do Ministério da Saúde para acelerar a eliminação das hepatites virais.
A campanha nacional “Um Teste Pode Mudar Tudo” também foi lançada para incentivar a população a buscar o diagnóstico precoce, além de reforçar a importância da vacinação e do tratamento, todos gratuitos pelo Sistema Único de Saúde.
Alex Rosewell, representante da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no Brasil, elogiou a condução da iniciativa pelo governo brasileiro: “Os dados apresentados hoje são impressionantes. O Brasil está demonstrando que é possível enfrentar com sucesso um problema grave de saúde pública com políticas consistentes e comprometimento com o cuidado da população.”
Por: Aline Feitosa | Revisão: Laís Queiroz
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