Um dos suspeitos de envolvimento no assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, foi morto nesta segunda-feira (30), em Curitiba, no Paraná. O homem foi localizado durante uma operação conduzida pela Polícia Civil paulista e, ao ser interceptado, reagiu à abordagem, dando início a uma troca de tiros. Ele não resistiu aos ferimentos.
Com a morte do suspeito, sobe para cinco o número de criminosos neutralizados ou capturados pela polícia desde a emboscada que vitimou o ex-delegado, em 15 de setembro, na cidade de Praia Grande, no litoral sul paulista. Até agora, quatro homens já haviam sido presos em ações articuladas para desmantelar a quadrilha.
O crime que chocou a corporação
Ruy Ferraz, de 64 anos, foi atacado em uma emboscada preparada por criminosos fortemente armados com fuzis e armas de grosso calibre, enquanto atuava como secretário de Administração da Prefeitura de Praia Grande. O atentado ocorreu em uma via movimentada da cidade e deixou marcas profundas na segurança pública paulista, pela ousadia e violência da ação.
Segundo as investigações, o grupo criminoso monitorava a rotina de Ferraz e aguardava o momento exato para surpreendê-lo. O ataque teve características de execução, com disparos concentrados contra o veículo no qual o ex-delegado estava.
Histórico de ameaças
A trajetória de Ruy Ferraz na Polícia Civil foi marcada por operações de grande impacto e, também, por episódios de ameaças. Ele iniciou sua carreira no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), onde atuou na Delegacia de Roubo a Bancos, enfrentando quadrilhas especializadas em grandes assaltos.
Posteriormente, assumiu cargos de destaque no Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), liderando investigações contra o tráfico de drogas. Em 2020, chegou ao posto máximo da instituição, como delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo.
Ainda em 2006, Ferraz foi responsável por investigações que atingiram diretamente a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Naquele período, chegou a receber ameaças de morte, fato que reforça a linha de investigação atual sobre a possível participação de integrantes da facção no atentado ocorrido neste mês.
Ações da polícia
Desde o crime, forças policiais de São Paulo e do Paraná intensificaram as buscas por todos os envolvidos. Quatro suspeitos já haviam sido presos em diferentes pontos do estado paulista. Entre eles, um policial militar, apontado como peça-chave no planejamento do ataque, o que levantou a suspeita de infiltração de agentes públicos no esquema criminoso.
O homem morto em Curitiba estava entre os três foragidos mais procurados, segundo fontes ligadas à investigação. Seu nome não foi oficialmente divulgado. As polícias Civil e Militar seguem atuando em conjunto para localizar os demais envolvidos. A estratégia inclui monitoramento eletrônico, interceptações telefônicas e cooperação entre forças estaduais.
O impacto na corporação
A morte de Ruy Ferraz causou grande comoção entre policiais civis, que prestaram homenagens em diversas delegacias do estado. Ex-colegas destacaram seu profissionalismo e o legado deixado em décadas de atuação.
“Ele era um delegado de linha de frente, que nunca se omitiu em investigações difíceis. Sua perda é uma tragédia não só para a corporação, mas para a segurança pública do estado”, disse um policial que atuou ao lado de Ferraz no Denarc.
Na Prefeitura de Praia Grande, onde exercia o cargo de secretário de Administração, colegas também lamentaram a perda e destacaram sua dedicação ao serviço público.
O próximo passo das investigações
A principal linha de apuração da Polícia Civil indica que o crime foi planejado por integrantes de facções criminosas, com apoio de comparsas locais. O objetivo seria eliminar Ferraz por sua atuação firme contra o crime organizado durante a carreira.
Autoridades acreditam que os próximos dias serão decisivos para identificar e prender os dois últimos foragidos. A investigação também busca detalhar o papel de cada um dos presos e esclarecer a participação do policial militar no atentado.
A violência organizada
O assassinato de um ex-delegado-geral, com tamanha ousadia e armamento pesado, reforça preocupações sobre a atuação do crime organizado no Brasil. Especialistas em segurança pública alertam que facções criminosas ampliaram sua presença fora dos presídios, com ramificações em outros estados e até no exterior.
Segundo fontes ligadas ao Ministério da Justiça, o ataque contra Ruy Ferraz pode ser interpretado como um recado do crime organizado às forças de segurança, em resposta às constantes operações que atingem a estrutura financeira e logística das facções.
Repercussão política
O governo de São Paulo tratou o caso como prioridade máxima desde o início, mobilizando equipes especializadas e garantindo apoio irrestrito às investigações. O governador declarou que “a morte de Ruy Ferraz não ficará impune” e destacou que “quem atentar contra agentes públicos enfrentará toda a força do Estado”.
No Congresso Nacional, parlamentares ligados à segurança pública cobraram maior integração entre os estados no combate às facções, além de reforço na proteção de autoridades que já foram alvos de ameaças. A morte do suspeito em Curitiba marca mais um capítulo da caçada policial que busca dar uma resposta ao assassinato de Ruy Ferraz Fontes.
O cerco contra os criminosos continua, com a expectativa de que os últimos foragidos sejam localizados em breve. Enquanto isso, a memória do ex-delegado segue viva entre colegas e familiares, que pedem justiça diante de um crime que expôs, mais uma vez, a ousadia do crime organizado no Brasil.
Por Alemax Melo I Revisão: Pietra Gomes
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