Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, é youtuber e influenciador digital que recentemente publicou um vídeo denunciando como conteúdos com crianças podem ser explorados de forma criminosa na internet. A gravação viralizou, ultrapassando 45 milhões de visualizações, e reacendeu debates no Congresso sobre a regulação das redes.
Ameaças após denúncias
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou no último domingo (17) que o Google quebre o sigilo de dados de um usuário suspeito de enviar ameaças de morte ao influenciador. As mensagens teriam ocorrido após a publicação do vídeo que expôs os riscos da exposição de menores nas redes e a ausência de regras claras para proteger crianças e adolescentes. O processo corre em segredo de Justiça.
Em entrevista ao Fantástico, Felca relatou o impacto das intimidações. “Eu fiquei abalado, sofri algumas ameaças de morte. Pessoas do meu convívio também sofreram ameaças”, afirmou. Segundo ele, desconhecidos diziam que o encontrariam na rua para matá-lo. Apesar disso, garantiu que não pretende recuar: “Estou fazendo algo que é mais importante do que eu. Desculpa aí, não vou conseguir parar”.
O vídeo que expôs a “adultização”
Na gravação, o influenciador mostra como os algoritmos das plataformas podem favorecer a disseminação de conteúdos que sexualizam crianças. Ele conta que a motivação veio de histórias de pessoas próximas vítimas de abuso sexual na infância e de sua própria experiência: quando quis produzir vídeos ainda criança, seu pai o proibiu. “Se hoje a exposição já causa dano, imagina quando eu era criança”, disse.
Reconhecimento na saúde mental
O trabalho de Felca também ganhou reconhecimento da saúde mental. No domingo (17), ele agradeceu em suas redes à Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), que o homenageou como parceiro nacional da saúde mental pelo enfrentamento da adultização precoce e dos jogos de azar.
“Sou grato por conseguir ajudar tantas pessoas. Talvez a única forma de ser maior do que se é, é estendendo a mão para o próximo. Busque terapia”, escreveu.
A discussão chega a Brasília
A repercussão ultrapassou as redes sociais e chegou ao Congresso. Parlamentares de diferentes partidos defendem a aprovação do Projeto de Lei 2628/2022, que cria regras para proteger crianças e adolescentes no ambiente digital. O texto prevê verificação obrigatória de idade, controles parentais mais rígidos e retirada imediata de conteúdos de exploração infantil.
A urgência da votação já foi pautada na Câmara pelo presidente Hugo Motta (Republicanos), com relatoria do deputado Jadyel Alencar (Republicanos). No Senado, uma comissão aprovou audiência para ouvir representantes das big techs sobre denúncias de adultização de menores.
Por: Kátia Gomes | Revisão: Laís Queiroz
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