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Ônibus biarticulado parte ao meio após colidir com trem e deixa 11 feridos em Curitiba

Conforme empresa ferroviária, motorista do coletivo teria ultrapassado a linha do trem, ignorando os sinais de alerta; companhia responsável ainda não se manifestou

Um grave acidente envolvendo um ônibus biarticulado do transporte coletivo e um trem de carga deixou 11 pessoas feridas no bairro Cabral, em Curitiba, por volta das 23h30 desta terça-feira, 22 de julho. A colisão ocorreu em uma passagem de nível ferroviária e foi tão violenta que o ônibus foi partido ao meio, chocando quem testemunhou a cena e reacendendo o debate sobre a segurança em travessias ferroviárias dentro da capital paranaense.

Segundo a Rumo, concessionária responsável pela operação da malha ferroviária, o motorista do coletivo desrespeitou a sinalização e avançou sobre os trilhos no momento em que o trem já se aproximava da travessia. A empresa afirmou que o maquinista seguiu todos os procedimentos de segurança, como o uso do sinal sonoro (buzina) e a redução de velocidade compatível com áreas urbanas, mas não conseguiu evitar a colisão.

“O maquinista, que seguia o procedimento padrão de acionamento da buzina nos cruzamentos urbanos, foi surpreendido pela manobra do coletivo. Ele acionou os freios de emergência imediatamente, mas não foi possível evitar o impacto devido ao tamanho e peso da composição”, informou a Rumo em nota oficial.

O impacto foi tão forte que o ônibus teve sua estrutura central completamente destruída, ficando literalmente dobrado sobre os trilhos. O trem, por sua vez, arrastou parte do coletivo por alguns metros, o que dificultou ainda mais o trabalho de resgate. No momento da batida, cerca de 25 passageiros estavam a bordo do ônibus.

Equipes do Corpo de Bombeiros, do Siate (Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência) e da Defesa Civil foram acionadas imediatamente e chegaram ao local em poucos minutos. O atendimento às vítimas foi realizado ali mesmo, e a gravidade do acidente exigiu um grande esforço coordenado entre os órgãos de emergência e de trânsito.

Das 11 pessoas feridas, nove foram encaminhadas a hospitais de Curitiba e da Região Metropolitana, com lesões classificadas como leves a moderadas. Outras duas receberam atendimento no local e foram liberadas em seguida. Nenhuma vítima se encontra em estado grave, e até o momento, não há registro de óbitos.

A liberação da via só ocorreu por volta das 4h30 da madrugada desta quarta-feira (23), após a remoção do ônibus e da composição ferroviária. Durante esse período, o tráfego nas imediações das avenidas Munhoz da Rocha, Manoel Ribas e do cruzamento com a Rua Bom Jesus sofreu bloqueios parciais, afetando a circulação de veículos e linhas de ônibus.

Foto: Reprodução/TV RPC

Código de Trânsito: o trem tem preferência

A Rumo reforçou, em nota oficial, que em passagens de nível ferroviário, como onde ocorreu o acidente, a preferência de passagem é sempre do trem desde que haja sinalização adequada. Isso está previsto no artigo 212 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que classifica como infração gravíssima atravessar uma linha férrea sem parar previamente.

“É considerada infração gravíssima atravessar uma passagem em nível sem parar previamente. Mesmo que não haja cancelas automáticas, a presença de sinalização sonora e visual exige parada obrigatória do condutor”, alertou a empresa ferroviária.

As causas do acidente estão sendo investigadas pela Delegacia de Delitos de Trânsito de Curitiba (Dedetran), que abriu inquérito para apurar a conduta do motorista do ônibus e eventuais falhas nos dispositivos de sinalização da passagem. Equipes de perícia estiveram no local ainda durante a madrugada para registrar imagens, ouvir testemunhas e recolher provas que ajudarão na reconstituição da dinâmica do acidente.

Transporte Coletivo Glória se manifesta

A empresa responsável pelo ônibus, Transporte Coletivo Glória, divulgou nota oficial lamentando o acidente e informando que havia 25 pessoas no veículo no momento da colisão. A empresa afirmou que está colaborando com as investigações e prestando todo o apoio necessário às vítimas e suas famílias.

“Todos foram prontamente atendidos. As causas do acidente estão sendo apuradas. A Transporte Coletivo Glória lamenta o ocorrido e reitera seu compromisso com a segurança dos passageiros e a qualidade do transporte público”, diz o comunicado da empresa.

O motorista do ônibus sofreu apenas escoriações leves e não precisou de internação. Ele deve prestar depoimento à polícia nos próximos dias para esclarecer o motivo da manobra sobre a linha férrea, já que, segundo a concessionária, o trem estava devidamente sinalizado e com os dispositivos de alerta sonoro em funcionamento.

Moradores cobram melhorias na sinalização

Moradores da região do bairro Cabral, onde o acidente ocorreu, relataram que essa não é a primeira vez que há situações de risco no local. Eles afirmam que, embora haja placas e sinalização sonora, a ausência de cancelas automáticas e de maior fiscalização contribui para que muitos motoristas não respeitem as normas de segurança.

“Esse cruzamento é muito perigoso, principalmente à noite. Já vi vários carros pararem em cima dos trilhos e ficarem indecisos. Faltam cancelas automáticas e melhor iluminação”, contou a aposentada Marlene Costa, moradora da região há mais de 30 anos.

A Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), responsável pela operação e fiscalização do transporte coletivo da cidade, ainda não se manifestou oficialmente. A Prefeitura de Curitiba também não informou se pretende adotar novas medidas de segurança para passagens de nível em áreas urbanas após o acidente.

Especialistas pedem ações imediatas

Para especialistas em mobilidade urbana, o acidente reforça a urgência de modernizar os sistemas de travessia entre transporte ferroviário e rodoviário em grandes cidades. O engenheiro de transportes Luiz Fernando Prado afirma que situações como essa poderiam ser evitadas com tecnologia simples, como cancelas automáticas, semáforos inteligentes e sensores de aproximação.

“É inaceitável que, em uma capital como Curitiba, ainda tenhamos travessias onde a segurança depende apenas da atenção dos condutores. Sistemas automáticos custam menos do que a vida humana e precisam ser prioridade”, afirmou Prado.

A pressão por mudanças também aumentou nas redes sociais, onde vídeos do acidente circularam durante a madrugada. Em publicações marcadas por indignação, usuários cobraram investimentos em infraestrutura ferroviária urbana e medidas preventivas por parte do poder público e das empresas envolvidas.

Relatos de pânico

Passageiros que estavam no ônibus no momento do acidente relataram momentos de desespero. A estudante universitária Thaís Moreira, de 22 anos, disse que estava sentada próxima à porta traseira do coletivo e sentiu o impacto de forma repentina.

“Foi muito rápido. O ônibus estava atravessando e, de repente, senti um tranco enorme, seguido de gritos. Um pedaço do ônibus sumiu, e parecia que a gente tinha sido esmagado. Só consegui sair com ajuda dos bombeiros. Foi um milagre ninguém ter morrido”, contou a jovem, que teve escoriações leves e já recebeu alta hospitalar.

Outro passageiro, o técnico de manutenção Roberto Andrade, afirmou que o motorista parecia indeciso ao se aproximar da linha férrea. “Ele diminuiu, mas foi. Achei estranho, porque deu pra ouvir a buzina do trem. Não sei o que ele pensou. Talvez achou que daria tempo.”

Investigações continuam

As investigações devem seguir pelos próximos dias, com expectativa de que o laudo da perícia técnica fique pronto ainda nesta semana. As imagens das câmeras de segurança da região também serão analisadas pela polícia.

Enquanto isso, os moradores do Cabral e usuários do transporte público cobram medidas concretas para evitar que acidentes como esse voltem a acontecer. A discussão sobre a convivência entre ônibus e trens em áreas urbanas ganha força em meio à comoção gerada pela imagem de um ônibus partido ao meio símbolo da fragilidade de um sistema que ainda exige mais segurança, planejamento e respeito às leis de trânsito.

Por Alemax Melo I Revisão: Daniela Gentil

VEJA TAMBÉM: SP tem recorde de mortes de motociclistas no 1º semestre; capital é exceção

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Marcia Dantas

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