O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou o seu antecessor, Barack Obama, de “traição” e de ter liderado um “golpe de Estado” para impedir sua eleição em 2016. As declarações ocorrem em meio a críticas internas sobre o seu enfrentamento do caso Jeffrey Epstein e são vistas como uma tentativa de retirar as atenções da sua relação com o magnata. Paralelamente, a Casa Branca proibiu a participação do The Wall Street Journal (WSJ) em uma coletiva de imprensa após o jornal publicar uma carta atribuída a Trump endereçada a Epstein.
Acusações contra Obama
Após Donald Trump afirmar que Barack Obama liderou um “golpe de Estado” visando impedir sua vitória eleitoral em 2016, Obama classificou, através de um comunicado, as alegações como “bizarras”, ridículas e uma “fraca tentativa de distração”.
Distração essa porque o caso Epstein voltou ao centro das atenções da mídia norte-americana após o WSJ publicar uma reportagem sobre uma página atribuída a Trump em um álbum de aniversário organizado para o financista Jeffrey Epstein em 2003. O álbum foi organizado por Ghislaine Maxwell, então braço direito de Epstein. A página contém um desenho de uma mulher nua com a assinatura “Donald” na região pubiana e mensagens manuscritas simulando um diálogo, com frases como “Temos certas coisas em comum, Jeffrey” e “que cada dia seja um segredo maravilhoso”.
Casa Branca censura The Wall Street Journal
Em retaliação, a Casa Branca excluiu o The Wall Street Journal da coletiva de imprensa que cobriu a viagem de Trump à Escócia. Karoline Leavitt, secretária de imprensa da Casa Branca, justificou em comunicado: “Devido à conduta falsa e difamatória do The Wall Street Journal, eles não serão um dos 13 veículos a bordo”. Outros 13 veículos participaram da coletiva.
Trump negou ser o autor do conteúdo publicado pelo jornal norte-americano, chamando-o de “farsa” e “falsificado”. Ele anunciou a abertura de uma ação judicial contra o The Wall Street Journal e seu proprietário, Rupert Murdoch, pedindo pelo menos US$ 20 bilhões em indenização. Em uma postagem na Truth Social, sua rede social, Trump confirmou: “Eu disse a Rupert Murdoch que era tudo uma farsa, que ele não devia publicar esta história falsa. Mas ele publicou, e agora vou processá-lo e processar o seu jornal de terceira categoria”. Sua equipe afirmou que ele alertou “pessoalmente” Murdoch e a editora-chefe do The Wall Street Journal, Emma Tucker, sobre a suposta falsificação.
Declarações de Trump sobre o Caso Epstein
Questionado sobre novas investigações envolvendo Epstein, Trump definiu o assunto como “chato” e de interesse apenas para “pessoas más”. “Não entendo por que o caso Jeffrey Epstein seria do interesse de alguém”, disse Trump a repórteres. “É um assunto bem chato. É sórdido, mas é chato, e não entendo por que continua acontecendo. Acho que só pessoas bem ruins, incluindo as fake news, querem manter algo assim acontecendo.”
Envolvimento de Elon Musk
O magnata Elon Musk, ex-aliado de Trump, promoveu teorias sobre o envolvimento do presidente no caso Epstein. Após deixar o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) em maio de 2025, Musk postou no X (antigo Twitter): “Hora de jogar a bomba realmente grande: Donald Trump está nos arquivos de Epstein. Essa é a verdadeira razão pela qual eles não se tornaram públicos. Tenha um ótimo dia, DJT!”. A postagem foi apagada dias depois.
Musk também compartilhou um vídeo com a legenda “Em 1992, Trump festejou com Jeffrey Epstein. Só vou deixar isso aqui” e afirmou que “a verdade virá à tona”. Ele não apresentou provas.
A relação entre Trump e Epstein é antiga. Em 2002, Trump disse à revista New York que Epstein era “fantástico” e “muito divertido de se estar por perto”, acrescentando que se conheciam há 15 anos. “Dizem até que ele gosta de mulheres bonitas tanto quanto eu, e muitas delas são do tipo mais jovem”, pontuou Trump na época.
Relembre o caso
Jeffrey Epstein foi um financista americano (1953-2019), inicialmente condenado em 2008 por crimes sexuais contra menores. Após um acordo judicial, Epstein viu a sua pena reduzida a 13 meses de prisão, evitando acusações mais gravosas.
O magnata foi preso novamente em 2019 sob acusações de tráfico sexual de dezenas de meninas, algumas a partir de 14 anos, recrutadas por meio de pagamentos e operando em suas propriedades em Nova York, Flórida e em uma ilha particular no Caribe, onde supostamente as vítimas eram forçadas a prestar serviços sexuais a ele e a convidados da elite norte-americana.
O financista retirou a própria vida na prisão em agosto de 2019, enquanto aguardava julgamento. O seu esquema criminoso contou com a cumplicidade de Ghislaine Maxwell, socialite britânica, condenada em 2021 a 20 anos de prisão por recrutamento e tráfico sexual de menores após um julgamento que revelou sua operação de quase uma década.

Por: Eduardo Carvalho | Revisado por: Lorrayne Rosseti
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