Um ataque israelense contra o Hospital Nasser, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, deixou ao menos 20 mortos nesta segunda-feira (25), entre eles cinco jornalistas que trabalhavam para veículos internacionais. O bombardeio, realizado em duas etapas, foi confirmado pelas Forças de Defesa de Israel (FDI), que afirmaram estar revisando o episódio.
Segundo a Defesa Civil de Gaza, o hospital foi atingido primeiro por um drone explosivo. Minutos depois, um novo ataque ocorreu enquanto equipes de resgate e profissionais de imprensa atendiam feridos no local.
Quem eram os jornalistas mortos
As vítimas confirmadas atuavam para veículos de grande alcance mundial. São elas:
- Mohammad Salama, repórter de imagem da Al-Jazeera, conhecido por documentar os impactos humanitários da guerra em Gaza;
- Hussam al-Masri, colaborador da Reuters, que acompanhava operações de resgate;
- Mariam Dagga, 33 anos, freelancer da Associated Press e do Independent Arabic, que recentemente reportou sobre crianças em risco de fome no Hospital Nasser;
- Moaz Abu Taha, jornalista que prestava serviços à NBC, especializado em coberturas de emergência;
- Ahmad Abu Aziz, ligado à Comissão Independente para os Direitos Humanos e colaborador ocasional da Reuters, que chegou a ser socorrido com vida, mas não resistiu.
Organizações de imprensa como a AP, Reuters, NBC e Al-Jazeera emitiram notas condenando as mortes. A Al-Jazeera classificou o bombardeio como um “crime horrível” e parte de uma “campanha sistemática para silenciar a verdade”. A Reuters afirmou estar “devastada” com a perda de al-Masri e informou que outro fotógrafo contratado, Hatem Khaled, ficou ferido.
Reação internacional
O ataque provocou forte reação mundial. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aliado de Israel, disse na Casa Branca que “não está feliz com isso” e voltou a defender um acordo para encerrar o conflito. O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, declarou-se “horrorizado” e pediu cessar-fogo imediato.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a ONU também condenaram a ofensiva. “Nem jornalistas nem hospitais podem ser considerados objetivos militares legítimos”, afirmou Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos.
O Sindicato de Jornalistas Palestinos classificou o episódio como um “massacre hediondo”, enquanto o Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ) ressaltou que já contabiliza 192 profissionais mortos em Gaza desde o início da guerra, em outubro de 2023, número considerado pelo órgão como “o esforço mais letal e deliberado para silenciar jornalistas” já documentado.

Contexto do conflito
O Hospital Nasser era o maior em funcionamento no sul de Gaza e abrigava setores cirúrgicos e de emergência. Foi a 26ª vez que equipes de resgate palestinas foram atingidas durante socorros, segundo autoridades locais.
Israel, por sua vez, afirmou que não tem como alvo civis nem jornalistas e que investiga o episódio. O premiê Benjamin Netanyahu não comentou o ataque.
Por João Vitor Mendes | Revisão: Daniela Gentil
VEJA TAMBÉM: Israel diz ter matado jornalista da Al Jazeera e alega ligação com Hamas; ONU vê “grave violação”