O tênis brasileiro vive um novo capítulo promissor. O carioca João Fonseca, de apenas 19 anos, garantiu neste sábado (25) a vaga na final do ATP 500 da Basileia, na Suíça, o resultado mais expressivo de sua ainda curta carreira profissional. A vitória por 7/6 (7-4) e 6/4 sobre o espanhol Jaume Munar o coloca não apenas diante da maior decisão de sua trajetória, mas também marca um feito histórico: nenhum brasileiro havia chegado antes a uma final de torneio ATP 500.
Com um tênis agressivo, postura madura e mentalidade fria nos momentos decisivos, Fonseca confirmou o status de uma das grandes promessas do circuito. O jovem, que já vinha chamando atenção desde as categorias de base, se consolida agora como um dos principais nomes da nova geração do esporte nacional.
Caminho até a final
Fonseca iniciou sua campanha em Basileia mostrando consistência e energia. Nas quartas de final, superou o canadense Denis Shapovalov, ex-top 10, em uma partida truncada e emocional. O brasileiro venceu por 4/1 no terceiro set, quando o adversário acabou abandonando por problemas físicos. Antes, Shapovalov havia vencido o primeiro set por 6/3, mas Fonseca reagiu, devolvendo na mesma moeda no segundo, por 6/3, antes da interrupção definitiva.
Na semifinal, contra Munar, atual 42º do ranking mundial o brasileiro mostrou maturidade. O primeiro set foi equilibrado e decidido no tie-break, em que João dominou com segurança, variando bem entre fundo e subidas à rede. No segundo, manteve o ritmo e aproveitou o momento de oscilação do adversário para conseguir a quebra decisiva de serviço. Fechou o jogo com firmeza, sob aplausos do público suíço, que reconheceu a qualidade técnica do brasileiro.
Adversário sai do outro duelo
O adversário de Fonseca na decisão será definido no confronto entre o francês Ugo Humbert e o espanhol Alejandro Davidovich Fokina, que duelam ainda neste sábado. A final está marcada para o domingo (26), às 11h30 (horário de Brasília).
Independentemente do rival, Fonseca entra em quadra já fazendo história e com a possibilidade de alcançar outro marco expressivo: a conquista do primeiro título de ATP 500 de um brasileiro. Até então, o país tinha registros de campeões em categorias menores e em torneios Masters e Grand Slams com nomes consagrados como Gustavo Kuerten, mas nenhum em eventos dessa faixa intermediária do circuito.
Ranking e projeção internacional
Com a campanha em Basileia, João Fonseca já assegurou um salto importante no ranking da ATP. Ele entra pela primeira vez no grupo dos 40 melhores tenistas do mundo e, caso conquiste o título, pode subir ainda mais há projeções que o colocam na 34ª posição, superando nomes experientes e consolidando-se como o brasileiro mais bem ranqueado da atualidade.
A ascensão é consequência de uma temporada de amadurecimento rápido. Fonseca já vinha se destacando por atuações sólidas em torneios menores e convites recebidos em competições de alto nível. Sua regularidade, especialmente no piso rápido, vem chamando atenção de analistas e ex-jogadores, que o apontam como um talento de longo prazo.
O jogo que consagrou o jovem carioca
Contra Munar, Fonseca apresentou uma combinação eficiente de força e precisão. Apostou no primeiro saque que funcionou com mais de 70% de acerto e mostrou ótimo aproveitamento nos pontos curtos. Na devolução, manteve-se agressivo, explorando o backhand do adversário e variando as jogadas com consistência.
O primeiro set foi tenso, com os dois jogadores mantendo os serviços até o tie-break. No desempate, João assumiu o controle, forçando erros do espanhol e abrindo vantagem logo nas primeiras trocas. No segundo set, impôs ritmo desde o início e quebrou o saque de Munar no quinto game, o suficiente para conduzir o placar até o fim.
A vibração discreta após o match point refletiu a personalidade do brasileiro: intensa dentro de quadra, mas controlada fora dela. “Venho trabalhando duro e com foco total. É um sonho chegar à final de um ATP 500, mas quero mais. Vou lutar pelo título”, declarou Fonseca, ainda em quadra, logo após a vitória.
Novo nome para o tênis brasileiro
João Fonseca, nascido no Rio de Janeiro em 2005, é apontado há pelo menos três anos como uma das promessas do tênis nacional. Revelado nas quadras do Rio Tennis Academy, ganhou projeção internacional ao conquistar o US Open juvenil em 2023, quando já figurava entre os cinco melhores do ranking júnior mundial.
Desde a transição para o circuito profissional, o brasileiro vem mostrando uma curva de aprendizado rápida. Em 2024, conquistou seus primeiros pontos expressivos em Challengers e estreou em torneios ATP 250, acumulando vitórias sobre jogadores mais experientes. O desempenho na Suíça coroa essa evolução e confirma seu potencial de chegar ao top 30 ainda na próxima temporada.
O peso histórico do feito
A classificação de João Fonseca para a final da Basileia insere o nome do Brasil em uma categoria onde até então não havia presença nacional. O circuito ATP 500 reúne torneios de alto nível, com premiações robustas e pontuação relevante para o ranking, abaixo apenas dos Masters 1000 e dos Grand Slams.
Desde Gustavo Kuerten, tricampeão de Roland Garros, o tênis brasileiro não via um jogador tão jovem figurar entre os destaques de torneios dessa magnitude. A façanha de Fonseca reacende a esperança de uma nova geração capaz de devolver o país ao protagonismo no circuito mundial.
Para o técnico de Fonseca, Patricio Arnold, o segredo tem sido equilíbrio e foco. “Estamos trabalhando passo a passo, sem pular etapas. João é disciplinado, competitivo e sabe o que quer. Essa final é resultado de um processo, não de acaso”, afirmou o treinador argentino.
Próximos passos
Se conquistar o título neste domingo, Fonseca somará 500 pontos no ranking e ampliará consideravelmente seu prestígio no circuito. Mesmo que não leve o troféu, a campanha já garante premiação expressiva e reforça sua condição de candidato a destaque em 2026.
O torneio da Basileia, tradicionalmente disputado em quadra coberta, é conhecido por revelar nomes em ascensão foi ali que Roger Federer, ídolo suíço e anfitrião do evento por anos, deu passos decisivos no início da carreira.
João Fonseca parece seguir caminho semelhante talento precoce, humildade e a confiança de quem enxerga no presente o início de um futuro maior.
Neste domingo, o Brasil inteiro volta os olhos para a Basileia. Independentemente do resultado, o jovem carioca já escreveu seu nome na história do tênis nacional.
Por Alemax Melo I Revisão: Daniela Gentil
VEJA TAMBÉM: Tênis: temporada de saibro começa sem um grande favorito




