O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, determinou na segunda-feira (20) a criação de um aplicativo para que a população possa reportar “tudo o que vê, tudo o que ouve” ao governo. Segundo ele, o sistema terá como objetivo reforçar a defesa do país diante de possíveis ameaças externas.
O anúncio foi feito durante um ato público transmitido pela emissora estatal VTV. Na ocasião, Maduro destacou que a Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) e outras instituições estão se preparando para proteger o território venezuelano, citando as recentes tensões com os Estados Unidos devido à presença militar americana nas águas do Caribe.
“O sistema defensivo territorial nacional deve criar um aplicativo no sistema VenApp para que o povo, de forma segura, possa reportar 24 horas por dia tudo o que vê, tudo o que ouve, para continuar garantindo a paz e a tranquilidade”, afirmou Maduro.
O líder venezuelano elogiou a própria proposta e disse que o país possui “organização, consciência, liderança e milícias preparadas” para garantir a segurança interna.
O VenApp, plataforma mencionada por Maduro, foi lançado em 2022 como um canal digital para que cidadãos registrem reclamações sobre falhas em serviços públicos e enviassem solicitações ao governo. No entanto, o sistema já foi alvo de críticas de organizações de direitos humanos.
Em agosto de 2024, após as polêmicas eleições em que Maduro foi declarado vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral e pelo Tribunal Supremo de Justiça, ambos alinhados ao governo, a Anistia Internacional denunciou que o VenApp vinha sendo utilizado por simpatizantes chavistas para identificar e denunciar opositores que contestavam o resultado eleitoral. O governo negou a acusação.
A oposição majoritária, liderada por Edmundo González, sustenta que venceu o pleito e acusa o regime de cometer violações durante os protestos pós-eleitorais, incluindo vigilância, detenções arbitrárias e intimidação de manifestantes. Segundo dados oficiais, cerca de 2.000 pessoas foram presas no período.
Posteriormente, Maduro ordenou uma revisão dos casos, o que levou à libertação de centenas de detidos, entre eles todos os adolescentes. Ainda assim, entidades internacionais seguem cobrando investigações independentes sobre as prisões e denúncias de abusos cometidos pelas forças de segurança.
Por João Vitor Mendes | Revisão: Daniela Gentil
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