No mês de setembro, as exportações brasileiras de carne bovina alcançaram 314,7 mil toneladas, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O volume representa um crescimento de 25,1% em relação ao mesmo mês de 2024 e estabelece um novo recorde histórico mensal para o produto.
O bom desempenho ocorreu apesar da sequência de sobretaxas impostas pelos Estados Unidos, uma taxa adicional de 50%, somada à já vigente de 26,4%, totalizando cerca de 76,4% de imposto sobre o produto brasileiro.
Esse aumento nas tarifas, poderia restringir fortemente os embarques para o mercado norte-americano. No entanto, ajustes estratégicos adotados pelo setor conseguiram mitigar parte dos impactos negativos e preservar a competitividade global do produto.
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), as vendas para os EUA somaram US$ 102,9 milhões em setembro, o que representa uma queda de 41% em relação ao mesmo período do ano anterior. Mesmo assim, a retração foi compensada pelo avanço em outros destinos.
Diversificação de destinos e protagonismo da China
A China manteve-se como principal destino das exportações brasileiras, com alta de 38,3% no volume embarcado em comparação com setembro de 2024, totalizando 187,3 mil toneladas. O país asiático respondeu por mais da metade das vendas externas e foi determinante para o recorde mensal.
Outros mercados também ampliaram suas compras, como México e países da União Europeia, entre eles, Itália, Holanda e Espanha. No bloco europeu, as importações de carne bovina brasileira alcançaram US$ 131,7 milhões, uma elevação de 106% em relação ao ano anterior.
Receita, volumes e comparativos históricos
Considerando também carnes processadas, miúdos e sebo, o total exportado em setembro somou 373,9 mil toneladas, gerando uma receita de US$ 1,92 bilhão. Os números representam crescimento de 17% em volume e 49% em faturamento frente a setembro de 2024, segundo dados consolidados pela Secex.
O resultado superou o recorde anterior, de 276,9 mil toneladas, registrado em julho de 2025, consolidando o desempenho da pecuária brasileira como um dos pilares do superávit da balança comercial.
Estratégias adotadas pelo setor
Para enfrentar o cenário tarifário adverso e manter competitividade, frigoríficos e exportadores brasileiros implementaram diversas medidas, entre elas:
- Redirecionamento de embarques para países com menores barreiras tarifárias, como China e México;
- Foco em cortes premium e de maior valor agregado, que aumentam a rentabilidade mesmo com volumes menores;
- Ampliação de acordos comerciais e ações diplomáticas para abrir espaço em mercados alternativos, especialmente no Oriente Médio e Europa.
Especialistas do setor observam ainda que os Estados Unidos enfrentam redução no rebanho de corte e limitação na oferta interna de bovinos para abate, o que pode ampliar a dependência de importações e abrir novas oportunidades para o Brasil no médio prazo.
Consequências políticas e comerciais
As tarifas norte-americanas estão inseridas em um contexto mais amplo de tensões comerciais e diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. Em resposta, o governo brasileiro acionou mecanismos da Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar a legalidade das sobretaxas e avaliar medidas de reciprocidade contra produtos norte-americanos.
Mesmo diante desse cenário, o desempenho de setembro reforça o papel da carne bovina como um dos principais motores da economia brasileira, gerando divisas, fortalecendo o agronegócio e reafirmando o país como líder global nas exportações do setor.
Por: Lais Pereira da Silva | Revisão:
LEIA TAMBÉM:
Lula amplia vantagem e lidera todos os cenários para 2026, aponta pesquisa Quaest