O Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou nesta segunda-feira (9), uma nota oficial em que afirma acompanhar “com atenção” a detenção do ativista brasileiro Thiago Ávila, interceptado pelo exército de Israel enquanto participava de missão humanitária rumo à Faixa de Gaza. A embarcação, chamada Madleen, levava 12 ativistas internacionais – entre eles a sueca Greta Thunberg e o ator britânico Liam Cunningham – e foi interceptada no domingo (8), em águas internacionais.
Na nota, o Itamaraty pede que Israel liberte imediatamente os detidos e suspenda as restrições à entrada de ajuda humanitária no território palestino. O ministério lembra o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais e cobra que o governo israelense cumpra suas obrigações como “potência ocupante”.
O episódio reacende tensões diplomáticas que dificultam qualquer solução rápida. O presidente Lula é considerado persona non grata em Israel, após críticas públicas à ofensiva israelense em Gaza. Em fevereiro, declarações do presidente comparando a ação militar israelense ao Holocausto provocaram forte reação: o embaixador de Israel no Brasil foi chamado de volta, e o governo israelense recusou o novo embaixador brasileiro indicado para Tel Aviv.
Essas rupturas institucionais comprometem a eficácia das diligências diplomáticas brasileiras. O Itamaraty opera sob forte restrição de diálogo com o governo israelense, o que pode prejudicar diretamente os esforços para assistência consular a Thiago Ávila.
Preso junto ao grupo da Freedom Flotilla Coalition, o ativista brasileiro vive situação delicada. Fontes ligadas à missão relatam que os ativistas estão sendo submetidos a humilhações e constrangimentos – inclusive obrigados pelos militares israelenses a assistir imagens do ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, numa tentativa de justificar a repressão ao grupo humanitário.
O Itamaraty diz que as embaixadas brasileiras na região seguem em alerta para prestar assistência consular, conforme estabelece a Convenção de Viena sobre Relações Consulares. Mas, diante do cenário atual de ruptura diplomática, cresce a preocupação com o desfecho da situação de Thiago Ávila e dos demais ativistas detidos.
Por David Gonçalves | Revisão: Daniela Gentil
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