O ativista brasileiro Thiago Ávila (38) foi transferido para uma cela solitária em Israel e iniciou greve de fome e sede, conforme denúncia da sua defesa e de familiares nesta quarta-feira, 11 de junho. Ele estava a bordo do veleiro Madleen, interceptado no domingo (8) pela marinha israelense em águas internacionais, durante uma tentativa de levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza.
De acordo com a defesa, a cela onde Thiago está não tem ventilação, é pequena e escura. Ele foi ameaçado de permanecer lá por sete dias sem contato com qualquer pessoa, até mesmo com sua advogada – uma condição considerada ilegal e que poderá ser levada à Corte Suprema. Thiago se recusou a assinar os papéis de autodeportação, que o faria admitir uma entrada ilegal em Israel, acusação rejeitada pela defesa em função da operação ocorrer em águas internacionais.
Nesta quarta-feira, Thiago também se negou a embarcar de volta ao Brasil, mesmo com a presença de diplomatas brasileiros no aeroporto. Desde então, ele está em greve de fome e sede, segundo relatos da Coalizão Flotilha da Liberdade.
Greta Thunberg em destaque secundário
A ambientalista sueca Greta Thunberg, que estava na mesma missão, foi deportada por Israel após três dias detida. Ela criticou o governo israelense, acusando-o de “sequestro” e denunciou a repressão contra os ativistas.
Lista dos 12 ativistas a bordo do veleiro Madleen
Thiago Ávila (Brasil) – ativista e influenciador digital
Greta Thunberg (Suécia) – ambientalista
Rima Hassan (França) – deputada no Parlamento Europeu
Baptiste Andre (França) – médico e ativista
Reva Viard (França) – ativista
Suayb Ordu (Turquia) – ativista
Sergio Toribio (Espanha) – ativista
Marco van Rennes (Holanda) – ativista
Omar Faiad (França) – ativista
Yanis Mhamdi (França) – ativista
Pascal Maurieras (França) – ativista
Yasemin Acar (Alemanha) – ativista
Ao todo, oito ativistas se recusaram a assinar os papéis de deportação e permanecem detidos, entre eles Thiago Ávila.
Contexto e repercussão
A operação israelense qualificou o veleiro Madleen como “Iate da Selfie” e afirmou que a missão violava o bloqueio naval legal à Faixa de Gaza. Organizações de direitos humanos, como a ONG Adalah e a Coalizão Flotilha da Liberdade, contestam a ação, afirmando que o navio foi interceptado em águas internacionais e acusam Israel de violar o direito internacional.
O Itamaraty também condenou a ação, ressaltando que se trata de violação ao direito internacional humanitário e exigiu garantias para a integridade de Thiago Ávila. A situação alimenta debates sobre a crise humanitária em Gaza, onde mais de 55 mil palestinos já morreram desde o início do conflito, segundo dados recentes.
Por David Gonçalves – correspondente do MD News na Itália | Revisão: Daniela Gentil
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