O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, abriu seu voto no julgamento do Núcleo 1 da trama golpista, destacando que desinformação e ataques às urnas eleitorais marcaram o início da execução do plano. Moraes iniciou analisando questões preliminares das defesas, afastando argumentos que buscavam invalidar a delação premiada de Mauro Cid. Segundo o ministro, acusar o colaborador de depoimentos contraditórios “beira litigância de má-fé”.
Alexandre também rejeitou a alegação de nulidade por falta de tempo para as defesas analisarem a grande quantidade de provas apresentadas. Com essas questões preliminares superadas, Moraes passou a discutir o mérito do caso, explicando a diferença entre os crimes de golpe de Estado e abolição do estado democrático de Direito, informação que pode ser usada na redução de pena.
Evidências do avanço do plano golpista
Moraes enumerou diversos momentos que evidenciariam a execução do plano golpista. Entre eles:
- Uma live em julho de 2021, com críticas às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral, baseada em documento de Alexandre Ramagem para Jair Bolsonaro;
- Planos de usar a Advocacia-Geral da União (AGU) para descumprir ordens judiciais;
- Monitoramento ilegal com uso da Abin;
- Declarações de Bolsonaro com ameaças a ministros do STF, incluindo o próprio Alexandre de Moraes;
- Reunião ministerial de 5 de julho de 2022, em que Bolsonaro e ministros discutiram ações contra a Justiça Eleitoral;
- Discurso no 7 de setembro de 2021, com ameaças explícitas ao ministro.
O objetivo, segundo Moraes, era a perpetuação no poder por meios ilegais.
Após Moraes, os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin apresentarão seus votos. A decisão será tomada por maioria, necessitando pelo menos três votos favoráveis.
Por Aline Feitosa | Revisão: Daniela Gentil
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