A decisão do governo dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de importação de 50% sobre o café brasileiro mergulhou o setor em uma crise sem precedentes. Desde agosto, o produto do Brasil, responsável por cerca de um terço do café consumido pelos americanos, está praticamente fora do mercado norte-americano.
Com a medida, torrefadores e importadores estão revirando seus estoques à espera do desfecho das negociações comerciais entre EUA e Brasil, que podem definir se terão de buscar fontes alternativas de café a preços mais altos.
O impacto é significativo: o setor cafeeiro americano, que movimenta cerca de US$ 340 bilhões, já enfrenta custos até 40% maiores e gargalos logísticos, com contêineres de café brasileiro retidos e contratos sendo cancelados.
Importadores cancelam pedidos e buscam alternativas
Quando o novo imposto foi divulgado, algumas empresas de torrefação efetuaram o pagamento da taxa de 50% sobre os carregamentos que já tinham sido encomendados. Em contrapartida, outras resolveram desviar as remessas para outros países para não terem de pagar o tributo.
Ainda que tenham conseguido evitar o tributo, as torrefadoras ficaram sem estoque de café, o que acabou aumentando a busca por grãos vindos de outras origens. O preço do café da Colômbia, do México e da América Central teve um aumento de até 10% desde julho, enquanto o grão brasileiro teve uma queda de aproximadamente 5% no mesmo período.
Alta nos preços alimenta a inflação e afeta o consumidor
Devido a problemas de fornecimento e à elevação dos gastos, os preços do café para o consumidor nos Estados Unidos dispararam. Dados do Bureau of Labor Statistics indicam que o preço médio do café já torrado e moído teve um salto de 41% em setembro comparado com o ano passado, alcançando US$ 9,14 por meio quilo.
Brasil e EUA buscam acordo, mas impasse continua
O consumo anual de café nos Estados Unidos gira em torno de 25 milhões de sacas, com o Brasil contribuindo com aproximadamente 8 milhões desse total. Recentemente, o presidente brasileiro expressou “otimismo” em relação a um possível acordo comercial com os EUA, sugerindo que “talvez se concretize antes do esperado”.
Por outro lado, Donald Trump se mostrou mais reservado, declarando: “Não sei se algo vai acontecer, mas vamos ver.”
Enquanto as tratativas permanecem incertas, as empresas de torrefação americanas buscam alternativas para assegurar o abastecimento, o que pode resultar em preços mais altos para o consumidor na hora de tomar seu café diário.
Por Aline Feitosa | Revisão: Daniela Gentil
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