A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado chegou ao fim com trânsito em julgado nesta terça-feira, 25, após uma sucessão de provas, decisões judiciais e recursos esgotados. A crise que levou o ex-presidente à prisão em regime fechado, no entanto, teve início muito antes, com uma articulação internacional que acionou os alarmes da Justiça.
A Polícia Federal identificou que Bolsonaro, seu filho Eduardo Bolsonaro e integrantes do núcleo militar orquestraram uma ofensiva no exterior para deslegitimar o sistema eleitoral brasileiro e pressionar instituições como STF, PGR e a própria PF.
O envio de valores em dólares, os diálogos com operadores políticos nos Estados Unidos e as movimentações para sustentar a tese de fraude eleitoral levaram o ministro Alexandre de Moraes a impor as primeiras medidas cautelares.
O cerco jurídico se fechou de vez com a violação da tornozeleira eletrônica, a condenação unânime na Primeira Turma do STF e a decisão estratégica da defesa de não recorrer da sentença.
A seguir, a cronologia completa dos fatos
13 de maio de 2025 (fato revelado no processo)
Jair Bolsonaro admite, em depoimento à PF, ter enviado 2 milhões de dólares ao filho Eduardo Bolsonaro enquanto ele estava nos Estados Unidos. Segundo a investigação, o dinheiro sustentava a permanência do deputado no exterior durante a articulação de apoio político para pressionar STF, PGR e PF. Moraes interpretou o repasse como prova de participação ativa do ex-presidente na ofensiva internacional.
4 de agosto de 2025
Bolsonaro passa a cumprir medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes. Ele é obrigado a usar tornozeleira eletrônica, fica proibido de sair de casa à noite e nos fins de semana e perde o direito de usar redes sociais. A decisão foi motivada pelo avanço das investigações da PF sobre articulações internacionais envolvendo Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro, que buscavam apoio externo para deslegitimar as instituições brasileiras.
Setembro de 2025
A Primeira Turma do STF condena Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado. Por 4 votos a 1, os ministros concluem que ele liderou uma organização criminosa armada para impedir a posse de Lula após a derrota eleitoral de 2022. Outros aliados, incluindo Anderson Torres, Alexandre Ramagem e generais das Forças Armadas, também são condenados.
22 de novembro de 2025 – Sábado
Bolsonaro é preso preventivamente na Superintendência da PF em Brasília após violar a tornozeleira eletrônica. A Secretaria de Administração Penitenciária do DF envia ao STF um relatório e um vídeo que mostram o equipamento danificado com ferro de solda. No registro, o próprio Bolsonaro admite ter rompido o dispositivo. Moraes dá 24 horas para a defesa explicar o episódio.
24 de novembro de 2025 – Segunda-feira
Encerra-se o prazo para apresentação dos segundos embargos de declaração. Bolsonaro, Ramagem, Anderson Torres e Mauro Cid não recorrem. Do outro lado, os generais Augusto Heleno, Braga Netto, Paulo Sérgio Nogueira e Almir Garnier apresentam recursos alegando contradições e nulidades.
25 de novembro de 2025 – Terça-feira (manhã)
Moraes declara o trânsito em julgado da condenação de Bolsonaro e dos demais réus que não recorreram. A decisão torna definitiva a pena de 27 anos e 3 meses, além da suspensão dos direitos políticos por oito anos. O processo é oficialmente encerrado para esses condenados.
25 de novembro de 2025 – Terça-feira (tarde)
A PF cumpre mandados de prisão contra os generais Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira. Condenados a 21 e 19 anos, respectivamente, eles são levados ao Comando Militar do Planalto.
Moraes determina o início imediato do cumprimento da pena de Bolsonaro, que permanece na Superintendência da PF em Brasília em regime fechado. A execução envolve 24 anos e 9 meses de reclusão e 2 anos e 6 meses de detenção.
Com a determinação do ministro, a Superintendência da Polícia Federal em Brasília passa a ser oficialmente o local onde Bolsonaro iniciará o cumprimento da pena. A unidade já abrigava o ex-presidente em prisão preventiva e, agora, seguirá responsável por mantê-lo custodiado durante o regime inicial fechado estabelecido pelo STF.
Por: Lais Queiroz | Revisão: Daniela Gentil
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