Mesmo com a queda geral da violência no Brasil, o país viu crescer em 2024 os casos de feminicídio e as mortes de crianças e adolescentes. Os dois indicadores caminham na contramão da tendência de redução das mortes violentas, que somaram 44.125 registros no ano passado — uma queda de 5,4% em relação a 2023 e de 8% na comparação com 2022,mantendo a tendência de redução iniciada em 2018.
O número de pessoas mortas por policiais permanece elevado. Foram 6.243 casos no ano passado, um número 2,7% menor do que o registrado em 2023. Como a queda foi inferior à dos demais crimes violentos, a letalidade policial passou a representar uma fatia maior das mortes violentas no país.
Feminicídios
Em 2024, o Brasil contabilizou 1.492 casos de feminicídio, o que representa um crescimento de 0,7% na comparação com o ano anterior. Os dados revelam que 97% das vítimas foram mortas por homens e que 64,3% dos crimes ocorreram dentro da própria residência da vítima. O estudo também mostra que, em 80% dos casos, o autor era o parceiro ou ex-parceiro da mulher. A taxa nacional foi de 1,4 feminicídio para cada 100 mil mulheres.
Entre as vítimas, 63,6% eram mulheres negras e 70,5% tinham entre 18 e 44 anos. Além dos assassinatos consumados, o levantamento registrou 3.870 tentativas de feminicídio no ano passado — um aumento de 19% em comparação com 2023.
Morte de jovens
O número de mortes violentas entre crianças e adolescentes de até 17 anos aumentou 4% em 2024, totalizando 2.356 vítimas. O avanço interrompe uma sequência de redução registrada desde 2020.
De acordo com o Fórum, esse crescimento foi impulsionado principalmente pelas mortes de adolescentes durante ações policiais. Em 2023, essas ocorrências correspondiam a 17% dos homicídios nessa faixa etária; em 2024, a proporção subiu para 19%.
Os dados fazem parte do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (24) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). O levantamento reúne informações oficiais das secretarias de segurança dos 26 estados e do Distrito Federal e serve como termômetro nacional da violência desde 2011.
Por Arthur Moreira | Revisão: Daniela Gentil
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