O iFood anunciou nesta segunda-feira (28) que, a partir de 1º de junho de 2025, os entregadores da plataforma terão um novo reajuste na taxa mínima paga por corrida. A medida vem em meio à crescente pressão por melhores condições de trabalho e remuneração mais justa, após uma série de mobilizações promovidas por entregadores em diversas cidades do país.
Com a atualização, a taxa mínima para entregadores que utilizam motocicleta ou carro será elevada de R$ 6,50 para R$ 7,50. Já os entregadores de bicicleta passarão a receber R$ 7,00 por corrida, em vez dos R$ 6,50 anteriores. No entanto, o valor pago por quilômetro percorrido permanecerá o mesmo: R$ 1,50.
Segundo a empresa, o reajuste foi baseado no acumulado da inflação e calculado com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). O iFood afirma que os custos adicionais serão absorvidos internamente, sem repasses aos consumidores ou restaurantes parceiros.
Entregadores apontam que reajuste é insuficiente
Apesar do anúncio, a categoria continua insatisfeita. Em entrevista ao Portal MD News, o entregador curitibano Erick Valente, que atua há mais de um ano na plataforma, afirmou que as mudanças são positivas, mas insuficientes diante da realidade enfrentada pelos trabalhadores.
— Como entregador do iFood, recebo com ceticismo esse anúncio. Embora o reajuste na taxa mínima represente um avanço, ele ainda está longe do que consideramos justo. Defendemos uma taxa mínima de R$ 10 por corrida e R$ 2,50 por quilômetro rodado — valores que realmente cobririam os custos com combustível, manutenção da moto e equipamentos de proteção — afirmou.
Erick também criticou a forma como a empresa divulga a estimativa de ganhos dos entregadores.
— O iFood diz que quem trabalha 169 horas por mês pode ganhar até R$ 3.020 brutos, mas essa conta ignora os tempos de espera entre uma entrega e outra e não leva em consideração os gastos do dia a dia. No fim, o que sobra é bem menos — completou.
Outros benefícios e mudanças nas regras
Além do reajuste na taxa mínima, o iFood anunciou a ampliação da Diária por Incapacidade Temporária, que agora cobre até 30 dias, e aumentou para R$ 1.500 o valor pago em caso de sinistros que impeçam temporariamente o trabalho. A indenização por morte ou invalidez também foi ajustada, subindo de R$ 100 mil para R$ 120 mil.
Entretanto, novas limitações também foram impostas. Entregas feitas por bicicleta agora terão um raio máximo de 3 km, com as rotas ajustadas para que esse limite não seja ultrapassado. Em contrapartida, os entregadores passarão a receber o valor integral de cada pedido, mesmo quando eles forem agrupados em uma única rota.
Concorrência à vista?
Erick Valente também comentou sobre a expectativa em torno do retorno da 99Food e da possível chegada da gigante chinesa Meituan ao mercado brasileiro.
— Se essas plataformas chegarem com taxas mais justas, será ótimo para a categoria. Teremos mais opções de trabalho e não ficaremos tão dependentes do iFood. A concorrência pode ser positiva, desde que venha com mais respeito aos entregadores — concluiu.
Apesar da movimentação, o iFood nega que o reajuste tenha relação com o “breque” dos entregadores ou com a aproximação de novos concorrentes. A empresa afirma que segue investindo em melhorias e que está aberta ao diálogo com a categoria.
Por Alemax Melo I Revisão Sara Santos
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