O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), participou na manhã da última quarta-feira (8), da 6ª Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente (CNIJMA), realizada no Centro de Treinamento Educacional da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria, em Luziânia (GO). O evento mobiliza crianças, adolescentes, professores e escolas de todo o país e busca ampliar, nos currículos escolares, o debate sobre as mudanças climáticas e a proteção da biodiversidade.
A etapa nacional do evento reuniu cerca de 800 participantes, entre estudantes, educadores e representantes de entidades ambientais, sob o tema “Vamos transformar o Brasil com Educação e Justiça Climática”. A conferência é considerada uma referência na aplicação da Política Nacional de Educação Ambiental e no incentivo ao protagonismo juvenil diante da crise climática.
O presidente esteve acompanhado da ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), do ministro Camilo Santana (Educação) e do ministro Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência).
Juventude e protagonismo
Durante o encontro, Lula destacou a importância de valorizar a voz da juventude na busca por soluções climáticas e ambientais. Em tom emocionado, o presidente elogiou a mobilização nacional da conferência, que envolveu mais de 2,2 milhões de pessoas, entre alunos e professores de 8.732 escolas em 2.307 municípios.
“Temos condição de fazer com que a educação do clima não seja algo eventual, mas faça parte do dia a dia e da nossa cultura. Se quase 3 mil municípios e os 27 estados envolveram milhões de crianças e milhares de professores, isso é uma revolução sendo feita”, disse Lula.
“A solução do planeta está nas oportunidades de participação dos nossos filhos, netos e da nossa juventude”, completou.
O presidente também ressaltou o papel dos jovens como educadores dentro das próprias famílias. “A meninada não veio aqui para me ouvir, veio para me ensinar como a juventude brasileira entende o clima. É a primeira vez na história que os jovens sabem mais do que os pais sobre muitos temas. Não há nada mais importante do que eles ensinarem dentro de casa o cuidado com o mundo”, afirmou.
Educação ambiental como política permanente
O ministro da Educação, Camilo Santana, destacou o papel das escolas como centros de transformação social e ambiental.
“Foi um ano inteiro de discussão nas escolas brasileiras, mas o tema precisa ser permanente e em todos os níveis. Para isso, investimos na formação de professores, nos conselhos escolares e na participação das famílias. É impressionante como filhos e filhas despertam a consciência ambiental dos pais. É um processo transformador de cuidado com o planeta”, pontuou.
A conferência também integra os preparativos nacionais para a COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que será sediada em Belém (PA), em novembro de 2025.
Compromissos ambientais e justiça climática
A ministra Marina Silva destacou os avanços recentes na redução do desmatamento e reforçou os compromissos do Brasil com a sustentabilidade global. Segundo dados apresentados, o país reduziu o desmatamento na Amazônia em 46%, no Cerrado em 25% e no Pantanal em 77%. “Celebro a decisão corajosa do Brasil em ser o único país com o compromisso de desmatamento zero até 2030”, ressaltou Marina.
A ministra também sublinhou que a justiça ambiental precisa caminhar ao lado da justiça social, bandeira central do governo federal. “Para que o futuro seja justo, democrático e sustentável, precisamos de um ecossistema saudável com programas como o Fies, o Pé-de-Meia, o Luz para Todos e o Minha Casa, Minha Vida. É esse o ecossistema da democracia: ouvir as pessoas, valorizar o conhecimento e envolver professores, alunos e comunidades na transformação”, pontuou.
Reforço à participação popular
O ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência, relembrou que Lula determinou o retorno das conferências nacionais justamente para ampliar o diálogo com a sociedade. “Precisamos de uma sociedade socialmente justa e ambientalmente equilibrada. É fundamental que a escola trate dos temas ambientais para formar uma geração que não repita os erros de hoje”, defendeu.
Diversidade e inclusão
A 6ª CNIJMA destaca também a diversidade cultural, territorial e social do país. Entre as escolas participantes, 1.293 estão localizadas em áreas de risco socioambiental, 158 atendem estudantes com deficiência (PCDs), e 1.478 pertencem à zona rural. Além disso, há 186 escolas indígenas e 139 quilombolas, representando todos os estados brasileiros e o Distrito Federal.
Em termos de biomas, a Mata Atlântica concentrou o maior número de escolas envolvidas (2.818), seguida pela Caatinga (2.467), Cerrado (1.695) e Amazônia (1.300).
Durante o evento, foram apresentadas duas produções inéditas elaboradas por estudantes: a Carta Compromisso e a Carta Musical “Raiz que Floresce”, inspiradas em uma lenda guarani da “Terra Sem Males”. Os textos expressam o compromisso das novas gerações com um Brasil mais justo, solidário e sustentável.
Operação Nacional de proteção infantil
Além dos temas ambientais, Lula também comentou durante o evento a megaoperação da Polícia Federal (PF) deflagrada nesta quarta-feira (8) contra o abuso sexual de crianças e adolescentes praticado pela internet. O presidente classificou a ação como uma “limpeza no país” e defendeu punições severas aos agressores. “Hoje aconteceu outra coisa fantástica, que não é climática, mas é uma limpeza nesse país. Somente assim vamos acabar com a exploração de meninas nas terras indígenas, na periferia e nas cidades. Porque o que não falta é gente safada para fazer coisa errada”, disse Lula.
“Essa gente tem que ir para a cadeia, e isso faz parte da limpeza climática que a gente quer fazer”, completou.
A Operação Nacional Proteção Integral III resultou na prisão em flagrante de 55 pessoas e no resgate de duas vítimas em situação de exploração. Foram cumpridos 182 mandados de busca em todos os estados do país, com o apoio das polícias civis de 16 unidades da federação. Ao todo, participam da operação 617 policiais federais e 273 policiais civis.
Educação e clima de mãos dadas
Para o governo, o encontro marca um passo importante rumo à integração entre educação, justiça social e clima. As falas de Lula e dos ministros reforçam o compromisso de colocar o meio ambiente no centro das políticas públicas, desde o ensino básico até a formulação de grandes estratégias nacionais.
A 6ª Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente é organizada pelo Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) formado pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Mais do que um evento, a conferência é vista como um movimento nacional de transformação, que conecta escola, comunidade e governo em torno de uma agenda comum: garantir que as novas gerações cresçam conscientes de que cuidar do planeta é também cuidar das pessoas.
Por Alemax Melo I Revisão: Laís Queiroz
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