Um vídeo encaminhado à produção do MDNews mostra um menino de 6 anos, portador do Transtorno do Espectro Autista (TEA) não verbal, sendo agredido pela diretora do Colégio Estudarte, de Campinas. O estabelecimento nega e diz que a manobra realizada “está dentro do procedimento padrão após se esgotarem todas as alternativas anteriores”.
As imagens, gravadas por uma funcionária, mostram a educadora montada sobre o menino, dando tapas e socos. Também dá para ouvir gritos. Os fatos aconteceram na manhã de 2 de abril, justamente no Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A escola é considerada referência no acolhimento de crianças com TEA.
Família em choque
A família, que está profundamente abalada, fez um Boletim de Ocorrência Eletrônico na manhã de ontem, com pedido de instauração de inquérito para apurar o caso. Além disso, explica que todas as medidas legais já estão sendo adotadas.
A advogada Thais Cremasco, coordenadora do Núcleo de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher da OAB-SP, acompanha o caso.
“Escola não é lugar de medo. Pessoa com deficiência não é objeto de violência. Toda criança tem o direito de ser protegida — especialmente naquilo que deveria ser o espaço mais seguro do seu dia”, afirma a advogada.
Medidas judiciais
Além do BO, Thais adotou as seguintes providências jurídicas.
• Representação ao Ministério Público e à Vara da Infância e Juventude com pedido de medidas protetivas imediatas;
• Ação cível indenizatória, por danos morais e materiais, com pedido de pensão para tratamento psicológico da criança;
• Denúncia à Secretaria de Educação para apuração administrativa;
• Pedido de interdição das atividades da instituição, se constatadas outras irregularidades;
• Atuação como assistente da acusação na responsabilização penal da agressora pelos crimes de maus-tratos, tortura, e violação do Estatuto da Criança e do Adolescente e da Lei Brasileira de Inclusão.
“Seguiremos até o fim. Por justiça, por respeito, por todas as crianças invisibilizadas”, enfatiza a advogada.
Nota da escola
“Recebemos informações que circula um vídeo envolvendo uma professora e um aluno com comportamentos típicos de TEA, onde a professora supostamente teria agredido a criança com tapas ao tentar contê-la. Ocorre que as informações são mentirosas.
“A criança em questão tem comportamentos típicos de autista, segundo preenchido na ficha de saúde do menor pela mãe. A criança estava matriculada em outra escola , onde a diretora passou informações que não tinham mais condição de cuidar do aluno, pelo seu histórico de agressões, indicando a Estudarte (que possui outros alunos com comportamentos típicos de autista, sendo referência no assunto) e prontamente, recebeu o aluno.
“ O aluno estava matriculado na Estudarte desde o dia 06/03/2025, onde, por várias vezes, agrediu outros alunos, professores e monitores, e sempre precisou de intervenção, inclusive sendo necessário, por diversas vezes, o contato com a genitora para vir buscá-lo.
“ No dia dos fatos, o aluno chegou 30 minutos antes de seu horário convencional (das 9:00 às 13:00), e por ter saído de sua rotina, já chegou na instituição descompensado e muito agressivo, inclusive contra o próprio responsável em trazê-lo. O aluno foi recebido pela professora e o aluno entrou na instituição se debatendo e se jogando no chão, com o intuito de sair correndo para fora da escola, agredindo a professora Ellen com mordidas, tapas, chutes e arranhões.
“A professora é portadora de Lúpus Eritematoso Sistêmica (LES), Esclerose Múltipla com alteração do campo visual (CID H54) e, por possuir fraqueza e visão limitada, era agredida constantemente pelo aluno e, por não ter ajuda da auxiliar de desenvolvimento infantil , que estava próxima, filmando em vez de auxiliar a conter a crise, não teve alternativa senão realizar a contenção mecânica da criança por imobilização, estando em conformidade com o procedimento padrão em casos de crises como a ocorrida, visando a segurança da criança e daqueles que estão ao seu redor, sendo este o último recurso possível utilizado, por ter tentado todas as alternativas possíveis.
“Vale ressaltar que a professora tem 33 anos de experiência na educação, sendo nesse período professora, coordenadora, diretora, escritora e com vasta experiência com todos os tipos de criança. Ela afirma que jamais agrediu a qualquer criança, tampouco o aluno em questão, sendo que a manobra realizada está dentro do procedimento padrão após se esgotarem todas as alternativas anteriores.”
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Cristina Christiano é jornalista com extensa carreira profissional, tendo atuado em diversos veículos impressos e audiovisuais nas áreas de polícia, justiça, saúde, educação, comportamento, urbanismo, direitos humanos, economia, entre outras. Fez diversas reportagens especiais, além de séries de repercussão e recebeu já vários prêmios por seu trabalho.