Outubro vai se despedindo e as noites começam a se alongar. Aos poucos, vitrines e ruas ganham tons de laranja e preto, enquanto fantasias e enfeites tomam o espaço cotidiano. O ar parece mais denso, carregado de mistério. É o Dia das Bruxas, o famoso Halloween, celebrado em 31 de outubro. A tradição, nascida entre os antigos povos celtas e popularizada nos Estados Unidos, há tempos deixou de ser “coisa de filme” e se espalhou por todo mundo. Hoje, é um fenômeno cultural que mistura folclore, arte e entretenimento — e que, no Brasil, conquista cada vez mais força.
Mas afinal, o que há de tão irresistível nessa celebração do medo?
Do mito à cultura pop
O Halloween nasceu de antigas celebrações pagãs, como o Samhain, festival que marcava o fim do verão e a chegada do inverno. Acreditava-se que, nessa noite, o véu entre o mundo dos vivos e dos mortos ficava mais fino, e espíritos podiam caminhar entre nós. Séculos depois, a data se misturou a tradições cristãs e ganhou novos significados.
No cinema e na literatura, o Halloween encontrou terreno fértil. As bruxas, vampiros e fantasmas que antes habitavam o imaginário popular passaram a ser protagonistas de histórias que misturam terror, humor e fantasia. O cinema, especialmente, soube como ninguém captar essa atmosfera.
Quem não se lembra do trio de bruxas de Abracadabra (1993), com suas trapalhadas hilárias e uma estética que virou símbolo do Halloween moderno? O filme, estrelado por Bette Midler, Sarah Jessica Parker e Kathy Najimy, tornou-se cult e ganhou uma continuação quase trinta anos depois. Outro clássico que não pode faltar na maratona é O Estranho Mundo de Jack (1993), de Tim Burton — uma animação sombria e poética que une o Natal ao Halloween e encanta gerações com sua trilha melancolicamente bela.
A magia das páginas
Na literatura, o tema é quase infinito. Desde os tempos de Mary Shelley, que deu vida ao trágico Frankenstein, o terror tem servido como uma lente para entender nossos próprios medos e dilemas. Já Bram Stoker, em Drácula, transformou o vampiro em um ícone da cultura ocidental — símbolo de desejo, morte e imortalidade.
Nos anos 2000, J.K. Rowling reacendeu o fascínio pelo oculto com a saga Harry Potter, em que o Halloween ganha destaque em diversos capítulos. O banquete iluminado por velas flutuantes no salão de Hogwarts virou uma das imagens mais marcantes da literatura contemporânea. Mais do que feitiços, Rowling nos ensinou que a magia também pode ser uma metáfora para o amadurecimento e a superação.
Do sofá à tela: o medo em série
As séries de TV também ajudaram a reinventar o mito das bruxas e do sobrenatural. American Horror Story: Coven mergulha na irmandade e no poder feminino, mostrando a força das mulheres marginalizadas pela história. Já O Mundo Sombrio de Sabrina, da Netflix, reinterpreta a adolescente bruxa dos anos 1990, agora com dilemas mais profundos e uma estética gótica moderna.
Mais recentemente, Wandinha (Wednesday) conquistou uma nova geração com seu humor ácido e seu toque de estranheza encantadora. A série trouxe de volta o universo da Família Addams, reafirmando que o Halloween não é apenas sobre sustos — mas também sobre celebrar o que é diferente.
O Halloween no Brasil
Por muito tempo, o Halloween foi visto como uma data “importada”. Mas, nos últimos anos, ele tem se enraizado na cultura brasileira. Escolas, festas, bares e até shoppings se transformam em cenários sombrios na última semana de outubro. As redes sociais se enchem de maquiagens temáticas, fantasias criativas e desafios de terror.
Além disso, há quem aproveite o clima para revisitar o folclore nacional. Personagens como o Saci, a Cuca e o Corpo Seco ganham nova vida em histórias e eventos que misturam o Halloween com a Semana do Saci, proposta para valorizar nossas lendas.
O poder de brincar com o escuro
No fundo, o sucesso do Halloween talvez se explique por algo muito humano: a necessidade de lidar com o medo de forma leve. Fantasiar-se, rir do susto e mergulhar em histórias sombrias é uma maneira de domesticar o desconhecido.
Como diria o mestre do horror Stephen King, “nós inventamos o terror para nos ajudar a lidar com o real”. E talvez seja esse o verdadeiro feitiço do Halloween: lembrar que o medo, quando iluminado pela imaginação, também pode ser uma forma de encanto.
Filmes para entrar no clima de Halloween
- Abracadabra
- O Estranho Mundo de Jack
- Coraline
- Beetlejuice
- A Noite dos Mortos-Vivos
Livros que fazem a imaginação voar (e arrepiar)
- Frankenstein
- Drácula
- Harry Potter
Séries que são puro feitiço
- American Horror Story: Coven
- O Mundo Sombrio de Sabrina
- Wednesday
- Buffy – A Caça-Vampiro
O poder de brincar com o escuro
No fundo, o sucesso do Halloween talvez se explique por algo muito humano: a necessidade de lidar com o medo de forma leve. Fantasiar-se, rir do susto e mergulhar em histórias sombrias é uma maneira de domesticar o desconhecido.
Como diria o mestre do horror Stephen King, “nós inventamos o terror para nos ajudar a lidar com o real”.
E talvez seja esse o verdadeiro feitiço do Halloween: lembrar que o medo, quando iluminado pela imaginação, também pode ser uma forma de encanto.
Mas cuidado! Quando as luzes se apagam e o silêncio toma conta, há sempre um sussurro que parece vir de algum lugar além da razão. Pode ser o vento… ou apenas o Halloween lembrando que, por uma noite, o mundo inteiro se permite acreditar no impossível
Por: Arthur Moreira | Revisão: Laís Queiroz
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