O governo federal divulgou na quinta-feira (30/10) os dados oficiais de desmatamento da Amazônia e do Cerrado referentes ao período de agosto de 2024 a julho de 2025. De acordo com o levantamento do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ambas as regiões registraram queda expressiva na taxa de perda de vegetação nativa.
Na Amazônia, o desmatamento somou 5.796 km², uma redução de 11,08% em comparação ao ciclo anterior. O resultado representa a terceira menor taxa da série histórica, iniciada em 1988, e consolida o terceiro ano consecutivo de queda desde o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No acumulado desde 2022, a diminuição chega a 50%.
O Cerrado também apresentou melhora: a taxa oficial foi de 7.235 km², queda de 11,49% em relação ao período anterior. Essa é a segunda retração consecutiva após cinco anos de alta (2019–2023).
Segundo o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), a redução evitou a emissão de 733,9 milhões de toneladas de CO₂ equivalente, volume similar às emissões conjuntas de Espanha e França em 2022.
Ações e resultados
Os números refletem um esforço do governo em cumprir a meta de zerar o desmatamento até 2030. Entre as medidas adotadas estão a reorganização da governança ambiental, a criação e atualização dos Planos de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento (PPCDs) para diferentes biomas, e a retomada da Comissão Interministerial Permanente de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas, que articula 19 ministérios.
O Ibama e o ICMBio ampliaram as ações de fiscalização nos últimos anos. Entre 2023 e 2025, o Ibama registrou aumento de 81% nas infrações ambientais identificadas na Amazônia, além de crescimento nas multas aplicadas e nas áreas embargadas. No Cerrado, o número de autuações subiu 130% no mesmo período.
Para a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, os resultados confirmam a prioridade dada à pauta ambiental. “A redução consecutiva do desmatamento é prova de que a agenda ambiental é transversal no governo. Combater a destruição das florestas é essencial para o enfrentamento da crise climática e para o desenvolvimento sustentável do país”, afirmou.
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, destacou a importância da ciência para orientar políticas públicas: “Esses resultados são fruto da excelência do Inpe e de um monitoramento rigoroso, que permite enxergar com precisão o que ocorre no território nacional.”
Municípios, biomas e investimentos
Nos municípios que integram o programa União com Municípios (UcM), considerados prioritários no controle do desmatamento, a redução chegou a 65,5%. O Tocantins liderou a queda entre os estados da Amazônia Legal, com retração de 62,5%, seguido por Amapá (48,1%) e Rondônia (33,6%). Apenas o Mato Grosso apresentou aumento, de 25%.
No Cerrado, 77,9% do desmatamento se concentrou na região conhecida como Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), área de forte expansão agropecuária.
Para sustentar as ações de preservação, o Fundo Amazônia destinou R$ 3,6 bilhões a projetos de combate ao desmatamento nos últimos três anos, com ampliação do número de países doadores, ampliando de dois para oito. O governo também aprovou R$850 milhões do fundo para fortalecer a fiscalização ambiental e R$785 milhões para apoiar 81 municípios amazônicos em iniciativas de desenvolvimento sustentável. Além disso, R$405 milhões foram repassados aos estados da Amazônia Legal para o combate a incêndios florestais.
O Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia (Prodes), criado em 1988, continua sendo o principal sistema de monitoramento por satélite da perda de cobertura florestal no país. A partir dessa ferramenta, é calculado anualmente o desmatamento por corte raso, enquanto o sistema Deter emite alertas diários sobre novas áreas afetadas, auxiliando as operações de fiscalização.
A divulgação dos dados contou com a presença das ministras Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) e Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), do secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco, e de representantes do Ibama, ICMBio e Inpe.
Com os resultados de 2025, o governo federal busca reforçar o compromisso de alinhar o Brasil às metas climáticas globais e de transformar a preservação dos biomas em um vetor de desenvolvimento sustentável.
Por Lais Pereira da Silva | Revisão: Daniela Gentil
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