A pesquisa Fraude, IA e Dinheiro Falso: Como a Meta lucra bilhões com golpes e exploração de famílias carentes no Brasil, realizada pelo Projeto Brief, foi divulgada nesta quinta-feira (6), e analisou 16 mil publicidades ativas na Biblioteca de Anúncios da Meta em setembro deste ano.
O estudo, publicado como parte da iniciativa Quem Paga A Banda, revela como as redes sociais Facebook, Instagram e WhatsApp se tornaram terreno fértil para fraudes. As pessoas mais atingidas pelas publicidades enganosas são famílias de baixa renda e beneficiários de programas sociais como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Os resultados
A investigação comprovou que 52% dos anúncios apresentaram indícios de golpe, enquanto 9% foram confirmados como fraudulentos. Os golpistas se concentram em criar propagandas falsas de empréstimos e créditos consignados, direcionados a pessoas aposentadas do INSS, trabalhadores CLT e beneficiários do Bolsa Família.
O levantamento confirma que os golpes não são apenas tolerados pelas plataformas, mas estruturados em um modelo de negócios que cresce com a vulnerabilidade das pessoas. Enquanto isso, a Meta continua lucrando com os cliques.
Uma outra pesquisa da Febraban/Datafolha (2024) estima que 56 milhões de brasileiros, ou o equivalente a 33,4% da população adulta, foram vítimas de fraudes digitais no último ano, tendo sofrido prejuízos superiores a R$ 40 bilhões, sendo:
- R$ 28,8 bilhões em golpes de PIX e boletos falsos;
- R$ 13 bilhões em compras não entregues.
Segundo as informações, os golpes mais comuns utilizam deepfakes – imagens geradas por inteligência artificial – e páginas falsas com informações incompletas ou inexistentes, até mesmo com o logotipo de marcas grandes, como a do C6 Bank.
Perfis dos falsos anunciantes
Não é impossível identificar se um anúncio é falso, alguns indícios estão bem destacados nas plataformas da Meta. Os perfis dos falsos anunciantes apresentam poucos seguidores e endereços não verificados. Além disso, as campanhas fraudulentas exploram narrativas emocionais e promessas de crédito facilitado, com as mensagens “empréstimos com garantia de veículo” ou “parcelas em até 36x”.
Conforme apuração da pesquisa, na maioria dos casos, os anúncios direcionam o usuário para conversas no WhatsApp, onde o golpe tem mais chances de se concretizar. Outro ponto de destaque é que a plataforma permite que milhares de anúncios suspeitos continuem ativos, mesmo após denúncias.
Ao pesquisar o termo “Bolsa Família”, o Projeto Brief identificou o nome do programa é usado para atrair vítimas, prometendo benefícios extras, cartões de crédito ou antecipações inexistentes para os beneficiários. O objetivo é claramente atingir pessoas com baixa literacia digital, que confiam nas marcas conhecidas e acreditam que a mensagem é oficial.
Por fim, a análise tem nível de confiança de 95% e margem de erro de 5%, tendo sido estruturada com base em métodos qualitativos e quantitativos, mapeando padrões de comportamento, perfis anunciantes e links de redirecionamento suspeitos.
Por Pietra Gomes | Revisão: Daniela Gentil
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