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Belém se torna o epicentro da COP30 e reacende o debate global sobre o futuro do clima

Cúpula da ONU marca retorno simbólico do Brasil à liderança ambiental e destaca papel dos povos da floresta

A partir desta segunda-feira (10), a cidade de Belém do Pará, no coração da Amazônia, se transforma no centro das atenções mundiais. A capital paraense sedia a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), um encontro que reúne chefes de Estado, ministros, cientistas, ambientalistas e representantes da sociedade civil de mais de 190 países.

O evento marca não apenas uma nova etapa das negociações globais para conter o aquecimento do planeta, mas também o retorno do Brasil ao protagonismo climático, três décadas depois da histórica Cúpula da Terra, realizada no Rio de Janeiro em 1992, que deu origem ao tratado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC).

Um pacto que nasceu no Brasil

Em 1992, o Rio de Janeiro sediou a conferência que estabeleceu as bases da política ambiental global. Dela nasceu a UNFCCC, um tratado internacional que reconheceu oficialmente o aquecimento global como um problema comum a toda a humanidade.

O acordo criou o princípio das “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, segundo o qual os países desenvolvidos  historicamente responsáveis pela maior parte das emissões de gases do efeito estufa  devem assumir compromissos mais robustos na transição energética e no financiamento de ações climáticas.

Trinta e três anos depois, o Brasil volta a ser palco de um encontro decisivo, agora em uma região que simboliza tanto a riqueza natural quanto a vulnerabilidade ambiental do planeta.

Belém: a floresta no centro das decisões

Escolher Belém como sede da COP30 foi uma decisão carregada de significado. A cidade, rodeada pela Floresta Amazônica, representa o que está em jogo nas discussões sobre o clima: a preservação das florestas tropicais, o papel dos povos indígenas e o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e conservação ambiental.

O governo brasileiro, que ocupa a presidência rotativa da conferência, defende que o evento seja uma “COP da Amazônia”, dando voz às populações que vivem na linha de frente das mudanças climáticas. Comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas participam ativamente das discussões, levando experiências práticas de conservação e adaptação.

“O futuro do clima global passa pela floresta amazônica. E o futuro da floresta depende das pessoas que vivem nela”, afirmou o ministrado Meio Ambiente..

Da promessa à ação

A COP30 acontece em um momento de transição delicado. O mundo já superou períodos com temperatura média 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, o limite definido no Acordo de Paris, de 2015, para evitar consequências irreversíveis no clima.

O Brasil, como anfitrião, pediu que os países cumpram as promessas anteriores, em vez de anunciar novos compromissos simbólicos. Entre elas, está a meta da COP28, realizada em Dubai, de eliminar gradualmente o uso de combustíveis fósseis, ainda o principal motor das emissões globais.

Diferentemente de outras edições, esta conferência reconhece oficialmente que o mundo falhou em conter o aquecimento dentro do limite de segurança, e cobra soluções práticas: corte real nas emissões, financiamento climático e proteção das florestas.

A engrenagem das negociações

As conferências da ONU sobre o clima conhecidas como COPs  são realizadas desde 1995 e reúnem as chamadas “Partes” do tratado da UNFCCC.

Durante a primeira semana, negociadores técnicos dos países apresentam suas propostas e analisam o posicionamento dos demais. Na segunda semana, ministros e chefes de Estado entram em cena para decidir pontos-chave, como mecanismos de compensação financeira, cronogramas de redução de emissões e regras de transparência.

Os países geralmente atuam em blocos. Entre os grupos mais influentes estão:

  • A Aliança dos Pequenos Estados Insulares, que luta pela sobrevivência diante da elevação do nível do mar
  • O G77 + China, que reúne nações em desenvolvimento
  • O Grupo Africano e o BASIC, formado por Brasil, África do Sul, Índia e China.

Já os Estados Unidos, que oscilaram entre o engajamento e o afastamento do debate climático, têm agora uma postura de apoio, mas menos centralizadora. Isso abriu espaço para novas lideranças, especialmente da América Latina e da Ásia.

Cúpula de múltiplas vozes

O ambiente da COP vai muito além das negociações formais. Trata-se de uma verdadeira cidade temporária onde governos, organizações não governamentais, universidades e empresas se encontram para debater soluções.

O campus da conferência costuma ser um mosaico de eventos paralelos, protestos pacíficos e exposições tecnológicas. Este ano, no entanto, a organização optou por distribuir as atividades: encontros com financiadores ocorreram em São Paulo, enquanto lideranças locais se reuniram no Rio de Janeiro, em eventos preparatórios.

A intenção foi gerar impulso político e econômico antes do início oficial das negociações em Belém, que vão até o dia 21 de novembro.

Expectativas e desafios

As COPs são conhecidas por suas longas madrugadas de debates e por decisões que muitas vezes chegam no último minuto. Negociadores e diplomatas ficam dias sem dormir, em busca de fórmulas que conciliam interesses econômicos e metas ambientais.

As diferenças são profundas: enquanto países ricos pressionam por mais compromissos de mitigação, os países em desenvolvimento exigem apoio financeiro e transferência de tecnologia para poderem cumprir suas metas sem sacrificar o crescimento econômico.

O consenso é obrigatório. Nenhum documento final é aprovado por votação, tudo depende de acordo coletivo. Isso faz com que o desfecho da COP30 seja imprevisível até o último momento.

O papel simbólico do Brasil

A realização da COP30 em território brasileiro também é um teste político. O país tenta equilibrar seu discurso ambientalista com os desafios internos, como o desmatamento, a expansão da agropecuária e os projetos de exploração de petróleo na costa.

Mesmo assim, o governo aposta na conferência como uma oportunidade de reconstruir a imagem internacional do Brasil e reafirmar seu papel de mediador entre países desenvolvidos e emergentes.

Além disso, a escolha de Belém serve como lembrete: proteger a Amazônia é essencial não apenas para o Brasil, mas para todo o planeta. A floresta regula chuvas, abriga uma das maiores biodiversidades do mundo e armazena bilhões de toneladas de carbono.

O que está em jogo

Mais do que uma conferência técnica, a COP30 representa uma encruzilhada histórica. O planeta já sente os efeitos da crise climática: secas prolongadas, enchentes devastadoras, derretimento de geleiras e eventos extremos se tornaram cada vez mais frequentes.

Para os participantes, a missão é clara: transformar discursos em compromissos verificáveis. Isso significa estabelecer metas de curto prazo, fortalecer o financiamento climático e garantir que nenhum país ou comunidade fique para trás.

A aldeia global

Ao longo das três décadas de existência, as conferências do clima se tornaram um espelho da geopolítica mundial. Nelas, se revelam alianças, disputas e contradições que ultrapassam a pauta ambiental.

A imagem da “aldeia global”  um espaço onde todos os países se reúnem para pensar o futuro comum  nunca pareceu tão necessária. Mas, como lembram os negociadores veteranos, essa aldeia continua dividida por fronteiras de interesse, poder e responsabilidade.

Ainda assim, há esperança de que, em Belém, em meio à floresta, a humanidade reencontre o senso de urgência e cooperação que inspirou a assinatura do primeiro tratado climático em solo brasileiro, há mais de três décadas.

Por Alemax Melo I Revisão: Daniela Gentil

VEJA TAMBÉM: COP30: líderes mundiais tiram “foto de família” em Belém

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Marcia Dantas

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