Em uma das maiores operações contra o tráfico de pessoas na Europa nos últimos anos, a Guarda Civil da Espanha anunciou nesta terça-feira (22) que libertou 162 mulheres sul-americanas vítimas de exploração sexual. A ação também resultou na prisão de 37 integrantes de uma organização criminosa que atuava em várias regiões do país.
A quadrilha cooptava imigrantes em situação de vulnerabilidade — especialmente mulheres sem documentos legais — tanto dentro da Espanha quanto em seus países de origem. As vítimas eram forçadas à prostituição em estabelecimentos com fachada legal, espalhados por províncias como Valência, Barcelona, Málaga, Murcia, Castellón, Alicante e Tarragona.
As mulheres eram monitoradas por câmeras e mantidas sob vigilância constante. Encontradas em condições desumanas, viviam nos mesmos locais onde eram obrigadas a se prostituírem. Segundo a Guarda Civil, elas eram obrigadas a estar “permanentemente disponíveis” para os clientes.
Durante a operação, que incluiu buscas em 39 imóveis, foram apreendidos mais de € 140 mil em dinheiro, veículos e diversos documentos. Entre os presos, 11 são apontados como líderes da organização e nove já foram enviados à prisão preventiva.
A investigação começou a partir do depoimento de três mulheres que conseguiram escapar e denunciar a rede criminosa. A ação envolveu esforços conjuntos das autoridades espanholas com apoio de entidades especializadas no acolhimento das vítimas, que agora recebem assistência psicológica, jurídica e suporte para reinserção social.
Um crime silencioso e global
O tráfico de pessoas é uma grave violação dos direitos humanos que atinge milhares de vítimas todos os anos. Segundo o Decreto nº 5.948/2006, o tráfico interno ocorre dentro do território nacional, entre cidades ou estados, enquanto o tráfico internacional envolve a movimentação de pessoas entre diferentes países. As vítimas, frequentemente mulheres e crianças, são aliciadas por falsas promessas de emprego ou melhores condições de vida, mas acabam sendo submetidas a exploração sexual, trabalho forçado ou outras formas de abuso.
Como prevenir o tráfico de pessoas
A prevenção começa pela informação. Desconfie de ofertas de trabalho fáceis e muito lucrativas, especialmente se envolverem viagens ou altos custos antecipados. Antes de aceitar qualquer proposta, pesquise sobre a empresa, leia o contrato e compartilhe o máximo de informações possíveis com familiares e amigos sobre o destino. Manter contato frequente durante toda a viagem, com amigos e familirares, também é essencial. É importante conhecer os canais de denúncia e as instituições que atuam no enfrentamento a esse crime.
Como denunciar
Qualquer pessoa pode denunciar suspeitas de tráfico de pessoas de forma anônima. Veja os principais canais:
Disque 100 (Direitos Humanos)
Ministério da Justiça e Segurança Pública: www.gov.br/mj
Ministério Público do Trabalho: www.mpt.mp.br
Ministério Público Federal: www.mpf.mp.br
Sistema Ipê (trabalho análogo à escravidão): ipe.sit.trabalho.gov.br
Denunciar salva vidas. Se suspeitar de aliciamento, retenção de documentos, trabalho forçado ou exploração sexual, não hesite em procurar ajuda.
Por: Iamara Lopes | Revisão: Redação
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