A escolha da Amazônia como sede da COP 30, marcada para novembro de 2025 em Belém (PA), divide a opinião dos brasileiros. Pesquisa Ipsos-Ipec realizada em setembro mostra que 33% consideram a decisão acertada, mesmo diante das dificuldades logísticas, enquanto 43% defendem que o evento deveria ocorrer em um local com maior infraestrutura, ainda que distante da região. Outros 24% não souberam opinar.
O levantamento revela diferenças importantes entre perfis sociais. Entre pessoas com ensino superior, o apoio à realização na Amazônia sobe para 41%, índice superior ao da média nacional. Já entre os que possuem apenas ensino fundamental, o percentual cai para 28%. A tendência se repete quando considerada a renda: famílias com ganhos acima de cinco salários mínimos mostram maior apoio, enquanto a faixa de dois a cinco salários mínimos concentra a maior resistência.
As diferenças regionais também são marcantes. Moradores do Norte e Centro-Oeste são os que mais defendem a escolha da Amazônia (43%), em contraste com Sudeste e Sul, onde a maioria prefere locais com mais estrutura (44%).
Outro fator que influencia é o nível de informação sobre a conferência: quanto mais informado o entrevistado se declara, maior a probabilidade de apoiar a realização no coração da floresta. Entre os que dizem conhecer bem a COP, quase metade aprova a escolha amazônica.
O cenário evidencia que a decisão, embora simbólica e estratégica para reforçar o protagonismo brasileiro na agenda climática, ainda enfrenta desafios de convencimento e logística. O debate sobre infraestrutura, acessibilidade e preparação das cidades amazônicas deve se intensificar à medida que a conferência se aproxima.
Por Joshua Perdigão | Revisão: Daniela Gentil
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