O Conselho de Segurança da ONU convocou uma reunião emergencial nesta segunda-feira (22) para debater as incursões russas no espaço aéreo da Estônia. O encontro foi solicitado por Tallinn após três caças MiG-31 da Rússia entrarem sem permissão no território aéreo estoniano, sobre o Golfo da Finlândia, na última sexta-feira (19).
Segundo o Ministério das Relações Exteriores da Estônia, as aeronaves permaneceram no espaço aéreo do país por 12 minutos até serem interceptadas por caças da Otan. O episódio, de acordo com a chancelaria, representa uma “violação flagrante e imprudente do espaço aéreo da Otan” e uma “repetida transgressão ao direito internacional” por parte de Moscou.
Em publicação no X no domingo (21), o ministro das Relações Exteriores estoniano, Margus Tsahkna, afirmou que as ações da Rússia “minam princípios vitais para a segurança de todos os Estados-membros da ONU”. Ele acrescentou que, sendo a Rússia membro permanente do Conselho de Segurança, a situação “precisa ser abordada no próprio órgão”.
O Ministério da Defesa russo, no entanto, negou que seus jatos tenham invadido o espaço aéreo estoniano, alegando que os voos foram conduzidos “em estrita conformidade com as regras internacionais”. A negativa foi reiterada nesta segunda (22) pelo porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, que acusou o Ocidente de “elevar tensões desnecessariamente”.
O porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, confirmou que a reunião ocorre às 11h (horário de Brasília). A Ucrânia solicitou participar do encontro e apresentar sua posição. O pedido foi encaminhado à República da Coreia, que ocupa a presidência rotativa do Conselho neste mês.
O chanceler ucraniano, Andrii Sybiha, destacou que “pela primeira vez em 34 anos, a Estônia solicitou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU”, o que, segundo ele, evidencia “a escala sem precedentes das ameaças representadas pela Rússia agressiva à estabilidade da Europa”.
Paralelamente, a Estônia acionou o Artigo 4 do tratado da Otan, mecanismo que permite consultas formais entre os países aliados quando um membro entende que sua segurança está ameaçada. Uma reunião sobre o tema deve ocorrer ainda nesta semana. A medida segue pedido semelhante da Polônia, que recorreu ao mesmo artigo após drones e caças russos terem violado seu espaço aéreo recentemente.
No domingo (21), forças aéreas suecas e alemãs também relataram a decolagem de caças JAS 39 Gripens e Eurofighter para monitorar uma aeronave russa IL-20. O avião de reconhecimento sobrevoava o sul do Mar Báltico em espaço aéreo internacional sem apresentar plano de voo nem manter contato por rádio, segundo os militares.
Por João Vitor Mendes | Revisão: Daniela Gentil
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