O governo de Israel aprovou nesta quinta-feira (9) uma resolução de cessar-fogo para a Faixa de Gaza, após semanas de intensas negociações mediadas por potências internacionais. O acordo prevê a libertação de todos os reféns mantidos pelo Hamas, incluindo o retorno dos corpos daqueles que morreram e deve entrar em vigor imediatamente, segundo autoridades israelenses.
A decisão foi tomada por maioria simples entre os 25 ministros do governo, que inclui também os integrantes do gabinete de segurança. Apesar da aprovação, ainda não está claro se o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu já deu a ordem formal para que as Forças de Defesa de Israel interrompam as operações militares na região.
Mais cedo, tanques israelenses abriram fogo em pelo menos uma parte da Faixa de Gaza. De acordo com um diretor de hospital palestino, ao menos 30 pessoas morreram desde o anúncio do acordo, feito na quarta-feira (8).
EUA e aliados supervisionarão implementação do acordo
Os Estados Unidos confirmaram o envio de 200 soldados para monitorar a implementação do cessar-fogo. As tropas, sob comando do Almirante Brad Cooper, líder do Comando Central dos EUA, atuarão em conjunto com militares do Egito, Catar, Turquia e Emirados Árabes Unidos, mas não entrarão na Faixa de Gaza.
“Seu papel será supervisionar, observar e garantir que não haja violações ou incursões. Todos estão preocupados com o outro lado”, disse uma fonte envolvida na operação.
O presidente americano, Donald Trump, afirmou que a libertação dos reféns deve ocorrer entre segunda (13) e terça-feira (14).
Trump teve papel direto na conclusão das negociações
Fontes americanas informaram que Donald Trump se comprometeu pessoalmente a garantir o cumprimento do plano de cessar-fogo. Ele teria instruído o enviado especial Steve Witkoff e seu genro Jared Kushner a “concluir” o acordo antes de partirem para o Egito, onde os últimos detalhes foram definidos.
Os negociadores viajaram para Sharm el-Sheikh assim que perceberam que o Hamas estava disposto a encerrar as hostilidades e já não via os reféns como uma vantagem estratégica. Mesmo assim, autoridades dos EUA reconhecem que o entendimento é frágil e pode fracassar devido à desconfiança mútua entre Israel e o grupo palestino.
Ajuda humanitária será enviada a Gaza
Com o cessar-fogo, cerca de 170 mil toneladas métricas de alimentos, medicamentos e outros suprimentos estão prontos para serem enviados à Faixa de Gaza, informou o coordenador de ajuda emergencial da ONU.
O órgão afirma que a prioridade será atender hospitais e abrigos superlotados, que enfrentam escassez de insumos básicos após meses de bloqueios e bombardeios.
Por João Vitor Mendes | Revisão: Daniela Gentil
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