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Mulher acusada de racismo contra menino de 12 anos é solta após audiência de custódia

Torcedora foi presa em flagrante durante partida entre Manthiqueira e Corinthians pelo Campeonato Paulista sub-12, em Guaratinguetá (SP)

A mulher presa no domingo (19) acusada de cometer injúria racial contra um menino de 12 anos durante uma partida de futebol em Guaratinguetá (SP) foi solta pela Justiça após audiência de custódia. O caso ocorreu durante o jogo entre Manthiqueira e Corinthians, válido pelo Campeonato Paulista sub-12, e interrompeu a partida após denúncia do jovem atleta.

De acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), a torcedora de 41 anos recebeu liberdade provisória mediante o cumprimento de medidas cautelares, cujos detalhes não foram informados. A decisão foi tomada horas depois da prisão em flagrante, que havia sido determinada pelo delegado de plantão.

Denúncia e prisão em flagrante

Segundo informações da Polícia Militar e da Polícia Civil, a confusão começou por volta do meio da tarde, quando o jovem atleta do Corinthians sentou-se em campo, visivelmente abalado, e relatou ter sido ofendido por uma torcedora nas arquibancadas.

O árbitro da partida registrou em súmula que o garoto afirmou ter sido chamado de preto”, “sem família” e “filho da p”. Com base no relato do jogador, o juiz interrompeu o jogo e acionou a equipe de segurança e os policiais militares que acompanhavam a partida.

A mulher apontada como autora das ofensas foi localizada ainda nas arquibancadas e levada à delegacia com o companheiro, o gandula que presenciou o episódio e os responsáveis pelo garoto. Todos os envolvidos prestaram depoimento.

O delegado Fábio Cabett, responsável pelo caso, afirmou que a suspeita foi “surpreendida logo após ter praticado o crime”, com base nos relatos e no registro da súmula da arbitragem. Ele determinou a prisão em flagrante da mulher pelo crime de injúria racial, previsto na Lei nº 7.716/1989.

No boletim de ocorrência, a mulher negou ter proferido as ofensas e declarou que “não cometeu o crime em questão”, alegando que desavenças anteriores haviam ocorrido “por motivos ligados ao futebol”. Ela também afirmou pretender processar a mãe do menino por ameaça.

Solta após audiência

A mulher foi apresentada em audiência de custódia, na segunda-feira (20), quando a Justiça decidiu conceder liberdade provisória mediante medidas restritivas. O Tribunal de Justiça informou que a decisão considerou que no crime não houve violência física e que a acusada não possui antecedentes criminais.

Apesar disso, a torcedora seguirá respondendo ao processo. A investigação deve continuar sob responsabilidade da Delegacia de Guaratinguetá, que apura as circunstâncias e reunirá novas provas, incluindo imagens e testemunhos.

O crime de injúria racial é tipificado como “praticar, induzir ou incitar a discriminação, ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. Além da multa, o crime prevê pena de um a três anos de prisão.

Reações e repúdio

O caso gerou grande repercussão entre clubes, federação e torcedores. Em nota oficial, a Federação Paulista de Futebol (FPF) lamentou o episódio e reforçou sua postura de combate ao racismo em todas as competições sob sua organização.

“A FPF reforça seu repúdio a todo e qualquer ato racista e reafirma que o Futebol Paulista não tolera a participação de racistas em suas competições. Choca ainda mais o fato de, neste caso, ser um ato contra uma criança que apenas está jogando futebol. A FPF seguirá vigilante e atuante para que nenhuma pessoa, muito menos crianças, sejam alvos de crimes como este”, diz o texto.

Nas redes sociais, o Manthiqueira também se pronunciou, lamentando o episódio ocorrido em sua cidade: “Um dia que, apesar de querermos esquecer, precisará ficar na memória de todos! Racismo não se tolera e só para lembrar: são crianças de 12 anos!”, publicou o clube.

O Corinthians divulgou nota na qual afirmou “lamentar profundamente o ocorrido” e reforçou seu “repúdio a qualquer ato discriminatório”, destacando que acompanha o desenrolar dos fatos e se coloca à disposição das autoridades para colaborar com as investigações.

Intolerância nas categorias de base

O episódio em Guaratinguetá ocorre em um momento de atenção crescente ao comportamento de torcedores em competições de base. Em setembro deste ano, a FPF lançou a campanha “-Ódio +Futebol”, que busca conscientizar pais, familiares e torcedores sobre o impacto da violência verbal e das atitudes discriminatórias nas arquibancadas.

Como parte da iniciativa, a federação determinou o fechamento dos portões ao público em 144 partidas das categorias de base disputadas no estado de São Paulo. A medida foi tomada após uma série de incidentes envolvendo xingamentos, agressões verbais e atos de intolerância em torneios infantis.

A ideia da campanha, segundo a entidade, é criar um ambiente mais seguro e educativo para crianças e adolescentes que sonham em seguir carreira no esporte: “É inadmissível que o preconceito e o ódio contaminem um espaço que deveria ser de aprendizado e alegria. O futebol de base precisa ser exemplo, não reflexo dos piores comportamentos dos adultos”, destacou a FPF em nota de lançamento da campanha.

O impacto do racismo no esporte

Casos de racismo no futebol brasileiro têm sido recorrentes, atingindo desde as divisões profissionais até as categorias de formação. Nos últimos anos, atletas de diferentes clubes,  inclusive figuras consagradas, denunciaram ofensas raciais dentro e fora de campo.

A Polícia Civil de Guaratinguetá continua investigando o caso. A expectativa é que novas testemunhas sejam ouvidas nos próximos dias. As imagens da partida, gravadas por torcedores e por câmeras do clube, também devem ser analisadas para confirmar a autoria das ofensas.

Enquanto isso, o garoto segue sob acompanhamento psicológico oferecido pelo Corinthians, que, segundo fontes próximas ao clube, pretende prestar assistência à família durante o processo. A mulher, agora em liberdade provisória, deve comparecer periodicamente à Justiça e pode ser chamada para novas oitivas conforme o andamento da investigação.

O caso reacende o debate sobre responsabilidade e limites nas arquibancadas, especialmente em competições que envolvem crianças. Para pais e responsáveis, o episódio é um alerta de que o comportamento nas torcidas precisa ser repensado não apenas como um dever legal, mas como um exemplo para os jovens atletas.

Por Alemax Melo I Revisão: Pietra Gomes

LEIA TAMBÉM: Conmebol lança campanha para combater racismo, violência e discriminação no futebol

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Marcia Dantas

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