Em meio a laboratórios ultra modernos e tratamentos avançados, algumas doenças historicamente vinculadas à Idade Média continuam a desafiar a saúde pública global. A ideia de que enfermidades como a peste negra, a hanseníase ou a cólera pertencem apenas aos livros de história é um equívoco perigoso porque elas ainda estão entre nós.
A peste bubônica, causada pela bactéria Yersinia pestis, voltou a causar alarmes. Um caso registrado recentemente nos Estados Unidos reacendeu as preocupações internacionais. A doença, famosa pelas infames pandemias medievais, persiste em focos esporádicos, especialmente em regiões da África e da Ásia. Segundo autoridades sanitárias, a sua disseminação está fortemente ligada à desigualdade socioeconômica e ao acesso desigual a intervenções de saúde.
Outra ameaça antiga, é a hanseníase (ou lepra), que permanece endêmica em muitos lugares. No Brasil, por exemplo, o número de novos diagnosticados ainda está entre os mais altos do mundo. A doença se caracteriza por lesões na pele, perda de sensibilidade e comprometimento de nervos periféricos, e seu diagnóstico costuma ser tardio, agravando os riscos para os pacientes.
Já a cólera, que tem suas origens registradas desde o século XII, continua sendo um problema em áreas com saneamento precário. Dados recentes da Organização Mundial da Saúde apontam para centenas de milhares de casos em diversos países, especialmente em regiões vulneráveis. A doença, transmitida por água e alimentos contaminados, pode levar a desidratação intensa e morte se não tratada a tempo.
Especialistas afirmam que a persistência dessas doenças reflete as disparidades sociais: populações com menos acesso a saneamento, assistência médica e políticas preventivas são as mais afetadas. Segundo a infectologista Christiane Reis Kobal, “a prevalência dessas moléstias está relacionada a cenários de baixa condição socioeconômica e ausência de vacinas plenamente eficazes para a erradicação.”
Apesar dos avanços da medicina moderna, doenças associadas à Idade Média ainda representam um desafio para a saúde pública. A persistência de enfermidades mostra que fatores sociais, ambientais e econômicos continuam influenciando sua circulação. Acesso ampliado a tratamento, investimentos em saneamento e fortalecimento da vigilância epidemiológica é um dos caminhos para reduzir a incidência desses casos.
Por Lais Pereira da Silva | Revisão: Daniela Gentil
VEJA TAMBÉM: Vacina contra gripe ficará disponível o ano todo nos postos de saúde
