Durante discurso no Parlamento italiano nesta quarta-feira (17), Giorgia Meloni afirmou que é “prematuro” assinar o Acordo Mercosul, alegando que ainda não há garantias suficientes para proteger os agricultores italianos.
A primeira-ministra deixou claro que Roma só apoiará o tratado quando houver salvaguardas concretas, tornando-se uma pedra no sapato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que busca a assinatura do acordo ainda em dezembro de 2025.
O cenário europeu, no entanto, é ainda mais complexo. Além da Itália, outros países mostram forte resistência:
França: lidera a oposição histórica, pressionada por protestos massivos de agricultores contra a entrada de produtos sul-americanos;
Irlanda: propôs adiar a votação do tratado para 2026 para proteger seu setor agropecuário;
Áustria: mantém histórico veto parlamentar devido a preocupações ambientais e agrícolas;
Polônia: manifesta resistência contínua, alinhando-se a países que exigem salvaguardas para o agronegócio europeu;
Países Baixos: o parlamento holandês adotou resoluções recentes de oposição ao tratado;
Bélgica, Hungria e Luxemburgo: expressaram reservas ou indicaram que podem se abster em votações decisivas.
A oposição se concentra na defesa dos agricultores locais, alegando concorrência desleal e falta de reciprocidade nos padrões ambientais. Para o Brasil, o Acordo Mercosul‑UE é uma prioridade estratégica. Lula tem pressionado líderes europeus para avançar rapidamente, defendendo que o tratado abrirá mercados, fortalecerá o comércio e consolidará o multilateralismo.
O presidente brasileiro destacou ainda que, sem a assinatura em dezembro, o pacto pode ficar comprometido, frustrando planos do país para exportações e integração comercial no mercado global. A resistência europeia, unida aos protestos internos em países como França e Irlanda e às exigências de Meloni na Itália, mostra que a assinatura do Acordo Mercosul não será simples.
O tratado, que poderia ampliar significativamente o comércio internacional do Brasil, enfrenta obstáculos políticos e sociais complexos, transformando a diplomacia brasileira em um verdadeiro jogo de paciência e pressão.
Por David Gonçalves – correspondente MD News na Itália | Revisão: Daniela Gentil
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