Após o falecimento do Papa Francisco nesta segunda-feira (21), a Igreja Católica se organiza para dar início ao Conclave, o rito de escolha do próximo pontífice , que deverá ter início em cerca de 15 a 20 dias. De acordo com as regras do Vaticano, apenas cardeais com idade inferior a 80 anos têm permissão para votar. Dos oito cardeais brasileiros ainda vivos, sete estão habilitados a tomar parte na votação.
O único excluído da lista é Dom Raymundo Damasceno Assis, arcebispo emérito de Aparecida, que possui 87 anos. Mesmo não podendo votar, espera-se que ele participe dos debates iniciais no Colégio dos Cardeais, que precedem o Conclave e abordam questões urgentes da Igreja.
No total, 138 cardeais de diferentes partes do planeta estão autorizados a votar. O Brasil, com sete membros votantes, possui uma das maiores representações nesse processo. Abaixo, conheça o percurso dos brasileiros que terão influência na decisão do novo papa:
Dom Sérgio da Rocha, 65 anos– Primaz do Brasil e arcebispo de Salvador
Dom Sérgio da Rocha, o arcebispo de Salvador, ostenta também o título de Primaz do Brasil, uma honraria concedida ao responsável pela arquidiocese mais antiga em terras brasileiras. Nascido em Dobrada, no interior de São Paulo, ele se tornou padre em 1984 e possui uma educação exemplar, com mestrado em Teologia Moral e doutorado obtido na Pontifícia Universidade Lateranense, localizada em Roma.
Durante sua trajetória, desempenhou papéis importantes, como reitor, docente universitário e coordenador de diversas atividades pastorais. Entre 2015 e 2019, presidiu a CNBB. Em 2016, o Papa Francisco o elevou ao posto de cardeal. Dom Sérgio tem ganhado notoriedade como um dos líderes mais influentes da Igreja Católica no Brasil.
Dom Jaime Spengler, 64 anos – presidente da CNBB e arcebispo de Porto Alegre
Nascido em Gaspar, Santa Catarina, Dom Jaime é um frade franciscano com doutorado em Filosofia pela Universidade Antonianum de Roma. Foi ordenado padre em 1990, dedicando-se intensamente a atividades missionárias até ser designado bispo auxiliar em Porto Alegre, no ano de 2010.
Desde 2013, ele serve como arcebispo na capital gaúcha, e no final de 2023 recebeu o título de cardeal pelo Papa Francisco. Atualmente, preside a CNBB, o que destaca sua importância na liderança da igreja brasileira.
Dom Odilo Scherer, 75 anos – arcebispo de São Paulo
Como uma figura de grande impacto na igreja, Dom Odilo lidera a principal arquidiocese brasileira desde 2007. Natural de Cerro Largo, no Rio Grande do Sul, ele obteve seu doutorado na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, e recebeu a ordenação sacerdotal em 1976.
Com uma vasta experiência dedicada ao ensino e à preparação de futuros sacerdotes, ele atuou como bispo auxiliar em São Paulo e também como secretário-geral da CNBB. Em 2007, foi elevado ao posto de cardeal e esteve presente no Conclave de 2013 que escolheu Francisco, chegando a ser considerado um forte candidato para substituir Bento XVI naquele momento.
Dom Orani João Tempesta, 74 anos – arcebispo do Rio de Janeiro
Dom Orani, originalmente um cisterciense, tornou-se padre em 1974. Ele nasceu em São José do Rio Pardo, no interior de São Paulo, e atuou nas dioceses de São José do Rio Preto e Belém antes de liderar a Arquidiocese do Rio de Janeiro a partir de 2009.
Ele teve um papel crucial na organização da Jornada Mundial da Juventude de 2013, que trouxe o Papa Francisco para o Brasil. Em 2014, tornou-se cardeal e atualmente exerce a função de grão-chanceler da PUC-RJ e de outras instituições de ensino superior.
Dom Paulo Cezar Costa, 57 anos – arcebispo de Brasília
Dom Paulo Cezar, o cardeal brasileiro mais novo com direito a voto no Conclave, nasceu em Valença, no Rio de Janeiro, e possui um doutorado em Teologia pela renomada Universidade Gregoriana de Roma. Sua ordenação como padre ocorreu em 1992, e desde então, ele tem se dedicado ao ensino e à coordenação acadêmica em diversas instituições católicas.
Antes de sua nomeação como arcebispo de Brasília em 2020, ele serviu como bispo auxiliar no Rio de Janeiro, onde desempenhou um papel importante na organização da JMJ de 2013. Dois anos após sua chegada a Brasília, em 2022, Dom Paulo Cezar foi elevado ao cardinalato por decisão do Papa Francisco.
Dom João Braz de Aviz, 77 anos – arcebispo emérito de Brasília
Oriundo de Mafra, Santa Catarina, Dom João construiu uma carreira eclesiástica notável, servindo em várias dioceses por todo o país, tendo passado a infância no Paraná. Sua ordenação sacerdotal ocorreu em 1972. Possui doutorado em Teologia Dogmática pela Gregoriana. Anteriormente, liderou como bispo em Ponta Grossa, Maringá e como arcebispo em Brasília.
A partir de 2011, assumiu uma posição de destaque na Cúria Romana, atuando como prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica. Integrou o Conclave de 2013 e é conhecido por sua abordagem equilibrada e aberta ao diálogo.
Dom Leonardo Ulrich Steiner, 74 anos – arcebispo de Manaus
Dom Leonardo Ulrich Steiner, o primeiro cardeal originário da Amazônia, veio ao mundo em Forquilhinha, Santa Catarina, e demonstra um profundo engajamento com as pautas ambientais. Sua trajetória como franciscano o levou a obter o título de doutor em Filosofia pela prestigiosa Universidade Antonianum, em Roma.
Anteriormente, exerceu o episcopado em São Félix do Araguaia, no Mato Grosso, e desempenhou a função de secretário-geral da CNBB. Em 2019, ascendeu ao posto de arcebispo de Manaus, um território crucial tanto para a Igreja quanto globalmente. Em 2022, foi nomeado cardeal, destacando-se como defensor das causas amazônicas e dos povos tradicionais.
Fora do Conclave: Dom Raymundo Damasceno Assis, 87 anos
Entre os cardeais brasileiros decanos, Dom Raymundo é arcebispo emérito de Aparecida e está com idade para votar , não poderá votar, entretanto, nas reuniões iniciais no Colégio dos Cardeais.
Ele presidiu a CNBB, entre 2011 e 2015, com papel de destaque na organização da visita do Papa Francisco ao Brasil. Foi criado cardeal por Bento XVI em 2010.
Aline Feitosa

Márcia Dantas é jornalista, paraense, mãe do Gabriel, esposa do Rafael, e apaixonada pelo movimento e tudo que pulsa forte, pelo colorido. Gosta de abrir espaços para sempre caber mais um. Idealizadora do MDnews, com a missão de informar para transformar.