O Corinthians deu um importante passo na tentativa de regularizar o acesso total do público à Neo Química Arena para o confronto contra o RB Bragantino, marcado para o dia 13 de julho, pela 13ª rodada do Campeonato Brasileiro. A Polícia Militar do Estado de São Paulo aprovou os equipamentos destinados ao uso do reconhecimento facial no estádio, tecnologia exigida pela Lei Geral do Esporte para arenas com capacidade superior a 20 mil lugares.
Com a aprovação técnica dos dispositivos, o clube vive agora a expectativa da emissão do laudo definitivo por parte da PM que autorize a presença da capacidade máxima da torcida, cerca de 49 mil pessoas no jogo. A decisão é aguardada para os próximos dias e é considerada fundamental para a manutenção do bom desempenho financeiro da equipe nas partidas como mandante.
Segundo apuração da Itatiaia, o Corinthians, sob gestão interina do presidente Osmar Stabile, trata o tema como prioridade absoluta. Desde a posse da nova diretoria, os dirigentes identificaram um atraso preocupante na implementação do sistema, que exige não apenas a instalação física dos equipamentos como também a coleta prévia dos dados faciais dos torcedores.
Entenda a exigência legal
A obrigatoriedade da instalação de sistemas de reconhecimento facial em estádios foi determinada pela Lei 14.597/2023, conhecida como Lei Geral do Esporte. De acordo com o artigo 148 da legislação, clubes cujos estádios comportam mais de 20 mil pessoas deveriam, até 14 de junho deste ano, garantir que 100% dos acessos fossem realizados por meio de reconhecimento facial.
O não cumprimento da norma implica automaticamente na limitação do público presente a no máximo 19.999 torcedores, o que representaria um duro golpe para clubes como o Corinthians, que possui uma das maiores médias de público do país e tem o apoio da torcida como um de seus trunfos dentro e fora de campo.
Implementação gradual e risco de falhas
Apesar da aprovação da PM quanto aos equipamentos, o departamento de tecnologia do Corinthians recomenda cautela. Há receio de que a implantação total do sistema sem a devida testagem possa gerar falhas operacionais em dias de jogos, prejudicando a fluidez na entrada dos torcedores e, possivelmente, comprometendo a segurança do evento.
A proposta apresentada pelo clube prevê uma implementação escalonada ao longo de sete jogos, em um modelo progressivo. Para a partida contra o RB Bragantino, a ideia é que todos os ingressos sejam vendidos apenas para torcedores com o cadastro facial previamente coletado, mas o uso efetivo do reconhecimento aconteceria de forma híbrida e monitorada.
Prejuízos possíveis em caso de punição
Caso a Polícia Militar entenda que o Corinthians descumpriu a determinação da Lei Geral do Esporte, a capacidade da Neo Química Arena será automaticamente reduzida para 19.999 pessoas. Isso traria prejuízos esportivos e financeiros. Somente neste ano, o clube ainda não arrecadou menos de R$ 2,6 milhões brutos por jogo como mandante.
A limitação de público reduziria drasticamente essa arrecadação e diminuiria a pressão da torcida, aspecto tradicionalmente considerado fundamental nas partidas em casa.
Coleta facial: desafio logístico
Outro desafio enfrentado pelo clube é a adesão da torcida à coleta dos dados faciais. A pressa para cadastrar os torcedores gerou uma mobilização digital e presencial. Pontos de coleta foram espalhados em áreas estratégicas da capital paulista e ações de comunicação vêm sendo feitas para estimular os corinthianos a se regularizarem a tempo.
A medida, embora necessária do ponto de vista legal, é vista com cautela por parte da torcida, que teme por falhas técnicas e questões relacionadas à privacidade. Ainda assim, a maioria dos grandes clubes brasileiros caminha para adotar sistemas semelhantes, de olho não apenas no cumprimento da lei, mas também na segurança e na modernização da experiência do torcedor.
Por Alemax Melo I Revisão: Daniela Gentil
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