Embora o câncer em crianças e adolescentes seja menos comum que em adultos, a doença exige atenção especial. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer é a principal causa de morte por enfermidades entre brasileiros de 1 a 19 anos. Muitos pais, no entanto, desconhecem a possibilidade de diagnóstico infantil, o que pode atrasar o início do tratamento e prejudicar o prognóstico.
Médicos especialistas em oncologia pediátrica destacam que o desconhecimento dos sintomas é um dos principais obstáculos para o diagnóstico precoce. Sinais comuns, como febre persistente, dores e cansaço, costumam ser atribuídos a infecções rotineiras, o que dificulta a identificação da doença. “Quando os sintomas se repetem ou persistem por um período prolongado, é imprescindível realizar investigação aprofundada”, afirmam os profissionais.
Entre os tipos mais frequentes de câncer infantil estão as leucemias, linfomas, tumores abdominais, como o tumor de Wilms e principalmente, os tumores cerebrais, que representam o segundo tipo mais comum na faixa etária. Os sintomas variam conforme a região cerebral afetada, mas podem incluir dores de cabeça persistentes, vômitos especialmente pela manhã, dificuldades de equilíbrio, alterações visuais, convulsões e mudanças comportamentais.
Um exemplo que ilustra a complexidade do câncer infantil é o caso de Ian Paulo Moreira Souza, adolescente de 16 anos diagnosticado em outubro de 2024 com glioma difuso de linha média grau 4, um tumor cerebral raro e agressivo. O quadro teve início com fortes dores de cabeça, que evoluíram para sintomas como tremores nas mãos, náuseas e convulsões. Atualmente Ian faz tratamento com quimioterapia oral e demais medicamentos com acompanhamento multidisciplinar para manter a qualidade de vida diante da complexidade do tratamento.
Diferente do que ocorre na população adulta, o câncer infantil geralmente não está associado a fatores externos, como hábitos de vida, mas a mutações genéticas e alterações celulares espontâneas. Por isso, apesar da impossibilidade de prevenção na maioria dos casos, o diagnóstico precoce é crucial para aumentar as chances de cura.
De acordo com os especialistas, o índice de cura pode ultrapassar 70% quando o tratamento é iniciado rapidamente. Por isso, o alerta para pais e responsáveis é redobrado: observar e não ignorar sintomas fora do padrão habitual das crianças é fundamental.
Além do tratamento clínico, o suporte psicológico e social às crianças e suas famílias é essencial. Muitas instituições disponibilizam acompanhamento multidisciplinar, proporcionando cuidado integral e humanizado durante toda a trajetória do paciente.
“A infância é uma fase delicada e preciosa, que merece atenção especial. O reconhecimento precoce dos sinais de alerta e o acesso rápido ao tratamento podem transformar o desfecho dessa doença”, reforçam os médicos.
Por Kátia Gomes | Revisão: Daniela Gentil
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